Aucides Silva
Um dos grandes anseios da humanidade é a liberdade. Mas nem sempre, ou quase nunca esse sentido é vivido. O pior de tudo é somos nós os grandes culpados de tudo isso. Às vezes somos nós que procuramos algo em que possamos nos aprisionar. Entramos em algumas gaiolas pensando ser a nossa liberdade. Ledo engano!
Assim mesmo é a nossa espiritualidade. No Novo Testamento, Jesus se apresenta como aquele com quem poderemos desfrutar de uma liberdade impar desde que o conheçamos. Ela apresenta-se com um cartão de visitas poderoso, a verdade. A verdade não oprime, liberta. A verdade, não raro, dói, machuca, fere, mas liberta.
Essa proposta de Jesus era inversamente proporcional à espiritualidade dos principais partidos religiosos de seus contemporâneos. Eles atavam ao povo duros fardos. Muitas obrigações, imposições, um sem-fim de obrigações que só lhes rendia muita culpa e medo.
O Filho de Deus aparece com um trato amigo, afável e compassivo. Entretanto, nem por isso trouxe uma espiritualidade frouxa, light e instantânea. Foi severo com a hipocrisia que trazia um modelo espiritual no formato de gaiola. Ele veio trazendo asas. Quem experimenta viver em Cristo e prova de seu fardo, dificilmente voltará. Ao contrário, vive uma vida cheia de esperança. É (re)produtiva e mesmo padecendo pela justiça continua vivendo o evangelho, não por medo ou por imposição meramente religiosa, mas por graça.
Ao contrário da maioria de nós Jesus era livre. Nunca se permitiu aprisionar pelos poderosos de sua época. Não tinha conchavos com religiosos. Nem prendia ninguém a ele. Mas para segui-lo tinha que renunciar tudo que aprisiona e apegar-se apenas à cruz. A identidade dos libertos é a cruz. É paradoxal, mas é verdade. O símbolo da liberdade cristã é a cruz de Cristo. Entretanto, só será liberdade real se você vivê-la pelo Espírito Santo e nunca movido por qualquer outra motivação, mesmo que seja muito nobre. Porque isso, mais cedo ou mais tarde, vai te meter numa gaiola. Pode até ser bonita, espaçosa e arejada, mas ainda sim, uma gaiola, e como tal, cerceadora, limitadora de espaço.
Qualquer coisa que te imponha limite pode ser uma gaiola. Pode ser uma pessoa, um líder bem ou mal intencionado, uma instituição cristã, uma “visão” de Deus, ou um anjo do céu.
A verdadeira liberdade não só está em Cristo, como coloca-nos em ligação direta com a tutoria do Espírito Santo para nos fortalecer e promover maturidade para viver a liberdade cristã. Por que, se por um lado posso viver todas as coisas, o espírito é quem vai me dizer quais são convenientes ao cristão.
Portanto, largue a vida religiosa. Saia da gaiola e viva a cruz da liberdade.
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