sexta-feira, 18 de junho de 2010

CRISTIANISMO DE RELACIONAMENTOS

Por Josué Campanhã

Quando olhamos para o texto de Atos 2.42-47, vemos os primeiros passos dos cristãos primitivos na constituição da Igreja. A Bíblia mostra centenas de pessoas reunidas em torno de um único objetivo: glorificar a Deus.

Eles desejavam ser uma Igreja viva para o Senhor. Não queriam realizar uma porção de atividades para que isso os caracterizasse como igreja.

Ser uma igreja para glorificar ao Senhor fazia com que eles se reunissem nas casas, onde os cristãos se relacionavam. Eles queriam estar juntos porque isso fazia bem a todos e, ao mesmo tempo, fortalecia-lhes a fé individual.

Tal relacionamento próximo fazia com que os primeiros cristãos sentissem as necessidades uns dos outros. Assim, essa sensibilidade gerava comunhão espiritual e repartir do pão - eles chegavam ao ponto de vender as propriedades particulares para ajudar os que precisavam.

Aqueles cristãos sentiam as dores e alegrias uns dos outros, tudo através do relacionamento mútuo que mantinham.

Os apóstolos não precisavam promover um programa especial, uma campanha, uma reunião dos jovens ou das senhoras para apelar às pessoas que olhassem as necessidades umas das outras.

Além disto, os apóstolos não se reuniam para traçar um extenso calendário de atividades espirituais, esportivas e sociais que envolvessem os membros da igreja ou aqueles que dela estivessem afastados.

A Bíblia diz que "perseveravam unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração".

De quando em quando é bom lembrarmos como vivia a Igreja primitiva e compará-la com o que vivemos hoje.

Eles experimentavam um cristianismo de relacionamento e nós, muitas vezes, praticamos um cristianismo de atividades.

Ao invés de nos relacionarmos uns com os outros, sentindo as necessidades dos irmãos e procurando crescer mutuamente na fé, precisamos que a liderança da igreja marque uma porção de atividades que nos unam para fazermos aquilo que deveria acontecer espontaneamente.
Só existe cristianismo de relacionamento quando estamos dispostos a ser discípulos e a fazer discípulos.

O discipulado é o tipo de relacionamento que Jesus estabeleceu e nos deixou para nos relacionarmos com outros cristãos.

Há algumas questões que nos confrontam quanto ao tipo de envolvimento que temos com nossos irmãos.

Por exemplo - no último mês, você iniciou um relacionamento com um novo crente e se dispôs a discipulá-lo?

Você orou pessoalmente ou por telefone, esta semana, por (com)alguém?

Nos últimos 15 dias, você contou para as pessoas algo que Deus fez em sua vida? E você sabe quais foram as coisas mais marcantes que Deus fez na vida das pessoas que estão próximas a você na igreja?

Conforme a profundidade das respostas é que poderá ser medido o tipo de relacionamento que você mantém com as pessoas. Pense nisso e comece a mudar.

ECLÉSIA - ANO 9 - EDIÇÃO 100

domingo, 7 de fevereiro de 2010

--> A MISSÃO INTEGRAL

A proposta da missão integral como agenda ministerial para a Igreja é mais do que evangelismo pessoal e assistência social; é convocação para rendição ao senhorio de Cristo, para perdão dos pecados e recebimento do dom do Espírito Santo

A Teologia Evangelical – Missão integral, a partir de seu lema “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”, definido no Congresso Internacional de Evangelização, realizado em 1974, em Lausanne, na Suíça, oferece uma lente através da qual lemos as Escrituras Sagradas em busca de referenciais para a presença do cristão e da comunidade cristã no mundo: “Assim como o Pai me enviou ao mundo, também eu vos envio” ( João 17.18; 20.21). Creio que são pelo menos os referenciais oferecidos pela teologia da missão integral: soteriologia, eclesiologia, missiologia, antropologia e kerigma.
A soteriologia da missão integral é o domínio de Deus, de direito e de fato, sobre todo o universo criado, através daqueles restaurados à imagem de Jesus Cristo – o primogênito dentre muitos irmãos. A salvação é o Reino de Deus em plenitude, onde a vontade do Senhor é realizada ou concretizada em perfeição. A redenção pessoal é apenas uma parcela do que o Novo Testamento chama salvação: o novo céu e a nova terra.
A eclesiologia da missão integral é o novo homem coletivo. Deus não está apenas salvando pessoas; está, principalmente, restaurando a raça humana. Estar em Cristo é não apenas ser nova criatura, mas também e principalmente ser nova humanidade – não mais descendência de Adão, mas de Cristo, o novo homem e homem novo. O caos do universo é fruto da rebeldia da raça humana em relação ao Deus criador; a redenção do universo – fazer convergir todas as coisas em Cristo – é resultado da reconciliação da raça humana com Deus. Deus estava em Cristo reconciliando consigo a humanidade. No cristianismo, a salvação é pessoal, a peregrinação espiritual é comunitária, e nada, absolutamente nada, é individual. A Igreja é a unidade dos redimidos que são transformados de glória em glória pelo Espírito Santo, até que todos cheguem juntos à estatura de ser humano perfeito.
A missiologia da missão integral é a sinalização histórica do Reino de Deus, que será consumado na eternidade. A Igreja, o corpo de Cristo, é o instrumento prioritário através do qual Jesus, o cabeça, exerce seu domínio sobre todas as coisas, no céu, na terra e debaixo da terra, não apenas neste século, mas também no vindouro. A missão da Igreja é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus que será consumado ali e além. O convite ao relacionamento pessoal com Deus é apenas uma parcela da missão. A missão integral implica a ação para que Cristo seja Senhor sobre tudo, todos, em todas as dimensões da existência humana.
A antropologia da missão integral é a unidade indivisível do pó da terra com o fôlego da vida; as dimensões física e espiritual do ser humano. “Corpo sem alma é defunto; alma sem corpo é fantasma”; “Cristo veio não só a alma do mal salvar, também o corpo ressuscitar”. A ação missiológica e pastoral da Igreja afeta a pessoa humana em todas as suas dimensões: biológica, psicológica, espiritual e social – a pessoa inteira em seu contexto, o homem e suas circunstâncias.
O kerigma, evangelização, na missão integral é a proclamação de que Jesus Cristo é o Senhor, seguida da convocação ao arrependimento e à fé, para acesso ao Reino de Deus. A oferta de perdão para os pecados pessoais é o início da peregrinação espiritual, porta de entrada para o relacionamento de submissão radical a Jesus Cristo, a partir do que a pessoa humana e tudo quanto ela produz passam a servir aos interesses do Reino de Deus, existindo e funcionando em alinhamento ao caráter perfeito do Senhor.
A proposta da missão integral como agenda ministerial para a Igreja é mais do que o mix evangelismo pessoal mais assistência social (geralmente como isca ou argumento evengelístico). O referencial da missão integral para a presença do cristão e da comunidade cristã no mundo é mais do que a construção ou multiplicação de igrejas locais, para onde os cristãos se retiram do mundo e passam a exercer funções que a viabilizam – ela, igreja, instituição religiosa – como um fim em si mesmo. A convocação da missão integral é para a rendição ao senhorio de Jesus Cristo, para perdão dos pecados e recebimento do dom do Espírito Santo, a partir do que se passa a integrar um corpo, o corpo de Cristo, ambiente para a experimentação coletiva dos benefícios da cruz. É este corpo o responsável por transbordar tais benefícios ao mundo, como anúncio profético do novo céu e da nova terra. O caminho missiológico e pastoral da missão integral é afetivo – relacional, em detrimento de metodológico –; operacional; comunitário, em detrimento de institucional; devocional, em detrimento de gerencial.
Sob o imperativo de levar o evangelho todo para o homem todo, para todos os homens, de acordo com o consenso de Lausanne, a Igreja é a comunidade da graça. Comunidade terapêutica; agência de transformação social; sinal histórico do Reino de Deus, instrumentalizada pelo Espírito Santo, enquanto serve incondicionalmente a Jesus Cristo, Rei dos reis, Senhor dos senhores, a quem seja glória eternamente, amém.

Ed René Kivitz
é escritor conferencista e pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo

--> A PARÁBOLA DOS PESCADORES SEM PEIXES

Autor desconhecido

Era uma Associação de Pescadores, que viviam no meio de rios e lagos, cheios de peixes famintos. Eles se reuniam regularmente para discutir sobre o chamado para pescar, a abundância de peixe e a emoção de pegar peixes. Ficavam muito animados com o assunto da pescaria.

Alguém sugeriu que o grupo precisava de uma filosofia de pesca. Assim, cuidadosamente, definiram e redefiniram a pesca e o propósito da pescaria. Desenvolveram estratégias e táticas. De repente perceberam que haviam começado de trás para frente – haviam se interessado pela pescaria do ponto de vista do pescador, e não do ponto de vista do peixe. Como o peixe vê o mundo? Como vê o pescador? O que e quando o peixe come? Era importante entender essas coisas. Por isso, iniciaram estudos e pesquisas. Participaram de conferências sobre a pescaria. Muitos viajaram a lugares longínquos para estudar diferentes tipos de peixes, com diferentes hábitos. Alguns obtiveram Ph.D. em piscicultura.

Contudo, ninguém havia ido pescar. Formou-se, então, um comitê para enviar pescadores. Havia muito mais lugares propícios para pescar do que pescadores. Por isso, o comitê precisava determinar prioridades. A lista de prioridades foi colocada em quadros de avisos em todos os salões da Associação.

Mas, como antes, ninguém estava pescando ainda. Foi feita uma pesquisa para saber por quê. A maioria não respondeu ao questionário, mas, entre os que responderam, descobriu-se que alguns se sentiam chamados para estudar a pesca, outros para fornecer equipamentos de pesca e outros, ainda, para encorajar os pescadores. E, com tantas reuniões, conferências e seminários, simplesmente não tiveram tempo para pescar.

Jacó era novato na Associação de Pescadores. Depois de uma reunião muito animada, ele foi pescar. Fez algumas tentativas, pegou o jeito e conseguiu pegar um lindo peixe! Na reunião seguinte, ele contou sua história e foi elogiado pelo sucesso. Acabou sendo convidado para falar em todos os núcleos da Associação e contar como havia sido a sua pescaria. Assim, com tantos compromissos e por ter sido eleito para a diretoria da Associação, Jacó nunca mais teve tempo para pescar.

No entanto, não demorou muito e ele começou a se sentir intranqüilo e vazio. Teve saudades da pesca propriamente dita, de sentir o puxão no anzol. Assim, decidiu deixar a diretoria da Associação, bem como os demais compromissos com os núcleos, e convidou um amigo para ir pescar com ele. Os dois foram – sozinhos – e pegaram peixes.

Os membros da Associação de Pescadores eram muitos e os peixes eram abundantes. Mas os pescadores continuavam sendo muito poucos.

Fonte: Ultimato