quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A GRANDE COMISSÃO COMO UM MANDATO PROCLAMADOR E TRANSFORMADOR

Romildo Gurgel


A Grande Comissão de (Mateus 28:19-20) é um dos mandatos mais significativos para quem deseja servir ao Senhor e encarnar a sua vontade como instrumento reconciliador.  Em primeiro  lugar, a grande comissão é o registro da última instrução pessoal deixada por Jesus a seus discípulos. Em segundo lugar, é uma chamada especial de Jesus Cristo a todos os seus seguidores para praticarem enquanto estiverem aqui na terra.
Mateus  relatou também  em seu evangelho  uma "Comissão Menor" anterior a esta, apenas para os doze, (cf. Mateus 10:5-42), direcionada apenas para as "ovelhas perdidas da casa de Israel" sendo obedecida pelos seus discípulos  durante  e depois da estadia de Jesus aqui na terra. Nela, o Senhor profere uma de suas mais famosas frases, "Não vim trazer a paz, mas a espada".
Algumas parábolas  ensinadas por Jesus, retratam o endurecimento dos corações dos judeus frente a salvação do seu messias. O reino seria tomado e entregue a outros povos. Como por exemplo a parábola dos dois filhos de (Mateus 21:28-32) onde  Jesus teceu a história de um homem que tinha dois filhos, chegando para o primeiro (judeus)   pediu que fosse trabalhar na sua vinha, onde este prometeu ir, porém não foi. Por sua vez, chegou também para o segundo (gentios) fez o mesmo pedido, onde este respondeu que não queria trabalhar na vinha, mas depois arrependido do que disse, foi trabalhar. Jesus finaliza a parábola com estas palavras:

“Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus. Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram” (vs.31-32).

Sequencialmente Jesus teceu outra parábola em (Mateus 21:33-46 parábola dos lavradores maus), que aponta para esta transição de encargo missional. No entanto, esta segunda é bastante crucial em sua ênfase. Ele começa dizendo que um dono de uma casa plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, construiu um lagar, edificou uma torre e arrendou-a a uns lavradores (Judeus) ausentando-se subsequentemente deste pais. Chegando ao tempo da colheita enviou alguns servos para receber os frutos do trabalho dos lavradores, sendo seriamente maltratados, espancados um a um levando alguns a falecerem por esses maus tratos. O dono da vinha enviando outros servos foram tratados de igual modo.  Comovido pelo ocorrido e pela dureza dos arrendatários, decidiu enviar o seu próprio filho achando que por ser filho, eles iriam respeitar e recebê-lo como deveriam receber. Mas os lavradores vendo-o disseram:  ‒ É o filho, matemo-lo porque esse é o herdeiro e nos apoderemos da herança. Assim procederam.
A conclusão da parábola está nos (vs.42-43)  que diz:

“A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular; isso procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos  frutos”.

Diante da realidade da missão que Deus nos entregou, a Igreja tem a tarefa de  trabalhar nesta lavoura na posição de serva obediente, comprometida em trabalhar trabalhando e ao mesmo tempo colhendo e cuidando  dos frutos que não  pertencem a ela até que venha a prestação de contas quando o dono da casa pedir que apresente o relatório de sua  administração.
A grande comissão tem também como base a ação trinitária, no sentido de colocar todas as pessoas no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A trindade incuba-se na  ação transformadora do aumento e crescimento e desenvolvimento da lavoura, através da proclamação pedagógica do evangelho. A abrangência do campo agora é bem maior: É o mundo todo, envolve todas as raças, tribos e nações em toda situação social em que se encontram, devemos confirmar nossa obediência proclamando a redenção do Filho como herdeiro da lavoura e da casa.
Na grande comissão, Jesus não deu uma grande sugestão, mas uma grande “missão”, “remeter”, “enviar” que só pode ser obedecida desinstaladamente, informalmente, relacionalmente e permanentemente. Fomos chamados a “ir” e não somente a “vir” (Mateus 11:28), somos desafiados a ver em cada passo da caminhada uma oportunidade para partilhar do amor de Deus revelada em Cristo. A melhor maneira de participar dessa vida  é empregando-a em algo que tem implicações eternas.
O discípulo é convocado por Jesus a erguer seus olhos para além de suas próprias fronteiras, compreendendo que o projeto divino de transformação inclui todas “as tribos, línguas, povos e nações” (Apocalipse 5:9). O Cristo que abraçou o mundo (João 3:16) nos ordena a fazer o mesmo de maneira sábia e responsável.

A CONVOCAÇÃO É DE DEUS, A MISSÃO É DE DEUS
E A CAPACITAÇÃO TAMBÉM É DADA POR DEUS

“Sem mim nada podeis fazer” (João 15:5)

A obrigação de pregar o evangelho não depende da letra, mas do Espírito de Cristo.  A autoridade de Jesus provê a base para toda obediência do cumprimento da missão. Em  (Lucas 24:44-49), Jesus diz que todas as pessoas serão chamadas a se arrepender e pede aos seus discípulos que esperem em Jerusalém até que lhes seja investido o poder,  que historicamente aconteceu nos dias da festa de pentecostes em Jerusalém. No livro de (Atos 1:4-8). Lucas também relata Jesus enviando discípulos durante o seu ministério para todas as nações e dando-lhes o poder sobre os enfermos e os demônios (cf. Lucas 9:1-2). Em João, Jesus promete enviar-lhes o paracleto, o que também ocorreu em (João 20:19-23). Sendo assim, a igreja possui toda cobertura necessária para cumprir a missão que lhes foi conferida.
A maneira como a grande comissão deve ser levada a cabo pode ser vista pelos três gerúndios. Padilla (p.33-34) descreve muito bem:
1 – O ide é indo “poreuthentes” (v.19) – aqui aponta para uma atitude do discípulo em constante missão mesmo que não cruze uma fronteira geográfica.
2 – Batizando “baptizontes” (v.20) mostra que o fazer discípulos envolve a introdução dos novos crentes à comunidade cristã por meio desse rito de iniciação.
3 – Ensinando !didaskontes” (v.20) -  esclarece que o fazer discípulos  não pode ser dissociado de uma formação integral orientada à obediência da fé.

Podemos resumir que a ideia central da grande comissão consiste em:

a)      Conduzir as pessoas para o caminho (Jesus) para que vejam e entrem no reino de Deus através do (novo nascimento). Somos criadores de pontes para esta conexão.

b)      Levá-los a participar de uma transformação espiritual-almática-física e social. Somos cooperadores para que aconteça a reconciliação do homem em sua totalidade.
c)      Ensinar de uma forma pedagógica a guardar e praticar todos os ensinos que Jesus deixou para serem obedecidos. Não apenas as mais agradáveis, mas a verdade de toda palavra, não apenas o leite, mas também o alimento sólido.

Deus abençoe,

Romildo Gurgel


FONTES

1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Comiss%C3%A3o#Relatos_no_Novo_Testamento; acessado em 22/10/2013.
2-http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/04/a-grande-comissao-uma-missao-inacabada/#.UmaGTPk05_k; acessado em 22/10/2013.
3-http://www.allaboutjesuschrist.org/portuguese/a-grande comissao.htm#sthash.FrbHHPiV.dpuf
4 – PADILLA, René C. O que é Missão Integral.Editora Ultimato. Viçosa/MG. 2009.
5 – Bíblia Vida Nova- Editora Vida.
6 – Chave Bíblica – CBB.



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

IGREJA CORPO DE CRISTO: verdade e unidade


Romildo Gurgel

Estes são os dois princípios que servem de base que a ela (igreja) foi destinada pelo seu fundador e Senhor: A unidade e a verdade. Ignorar é tragédia.
Quando a  heresia deixa de ser considerada, um grave pecado tende a se alastrar através de uma crescente e ilimitada diversidade e inclusividade de muitos novos modelos de igreja que estão surgindo.   O que acontece é que toda  e qualquer cisma divisionista abre porta para uma nova heresia. Esta percepção parte ao observar as motivações pelas quais estas igrejas estão sendo abertas, desconsiderando e desobedecendo estes dois princípios basilares é trágico perceber a saúde espiritual dessas comunidade.

Ricardo Barbosa em seu livro Igreja Evangélica: identidade, unidade e serviço, elucida bem esses fatos descortinando etimologicamente a nomenclatura da palavra “denominação”, termo esse que não é encontrado nas sagradas escrituras nem em obra de nenhum autor relevante da história do pensamento cristão antes do século 18. Comenta ainda Barbosa, que não é um termo teológico, eclesiológico, mas apenas sociológico, administrativo, jurídico, humano, corrente nos últimos duzentos anos a partir da realidade da livre imprensa e do self-service religioso norte-americano. Quanto a isso o evangelho é parcializado, a missão é mutilada a vivermos na carne, por mais piedoso e espiritualizado que seja o nosso discurso. Parece até que os grupos estão proclamando bem alto - “somos melhores e fazemos acontecer acima da média dos demais grupos”.  Pensar sobre a verdade e a unidade deve ter como base o que falou o fundador que deixou bem claro que a ideia sobre a verdade não é um local, é uma pessoa. A unidade também é uma pessoa abraçando várias, visto que a  unidade parte do princípio do encabeçamento da pessoa de Jesus com o Seu corpo.. Como está escrito:

“Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado a beber de um só Espírito” (1Coríntios 12:13).

A verdade é a grande promotora da unidade:

“...a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17b)

“Quem pratica a verdade aproxima-se da luz a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (João 3:21).

O apóstolo Paulo adverte seu filho na fé dizendo:

“pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Timóteo 4:3-4).

A unidade esperada pelo Senhor da Igreja tem como base a intercessão feita por Jesus quando orou ao seu pai dizendo:

“...Pai santo, guarda-os o teu nome,  que me deste, e para que eles sejam um, assim como nós” (João 17:11b)

Quando o povo de Deus se une ao Senhor, se torna um só espírito com ele. (1Co.6:17).  Não há como ser unido a Senhor e ser estranho uns com os outros. Se somos do corpo deveremos preservar a unidade do Espírito pelo vinculo relacional com o Cabeça da Igreja Jesus Cristo.

No entanto a UNIDADE tem como base a VERDADE para o desfrute da comunhão.


Que o Senhor nos ajude.

Romildo Gurgel

Fonte:
1 - BARBOSA, Ricardo. Igreja Evangélica: Identidade, unidade e serviço. Editora Ultimato; Edição eletrônica, fevereiro/2013.
2 - Bibllia Vida Nova – SBB

3 - Chave Bíblica - SBB

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A ESPOSA DO CORDEIRO



Romildo Gurgel

A Igreja revelada nas escrituras é a noiva de Cristo. A situação atual da noiva é o ataviamento para esse grande evento do casamento. A noiva está aprendendo a koinonia a vida de comunhão eterna, no tempo e no espaço, usufruindo desse relacionamento com o noivo através de correspondências (evangelhos, cartas, epistolas, etc). O Espírito Santo ilumina a noiva para desfrutar o máximo possível do noivo por essas correspondências. A noiva corresponde a tudo que o noivo falou e o que foi relatado através de seus discípulos e apóstolos sob a iluminação do Espírito Santo. O Espírito Santo a encanta preparando-a, testemunhando acerca do Noivo, sua pessoa, seu caráter, sua personalidade, sua vida, sua salvação, seu poder, seu domínio e a herança que ele está destinando para ela. No entanto haverá uma única só boda, chamada de bodas do Cordeiro.
Isto mostra um paralelo entre muitas Igrejas “noivas” entre aspas e ramificações, comparadas com a pomba, ou imaculada esposa do Cordeiro. Como está escrito:

 “Sessenta são as rainhas, e oitenta as concubinas, e as virgens sem número. Mas uma só é a minha pomba. A minha imaculada, a única de sua mãe, é a mais querida de aquela que a deu à luz; vendo-a, as filhas lhe chamarão bem-aventurada, as rainhas e as concubinas a louvarão”  (Cantares 6:8-9).

Aqui está a diferença da esposa natural e a hibrida.

Que o Senhor nos  ajude.

Romildo Gurgel


terça-feira, 8 de outubro de 2013

A MISSÃO DA IGREJA

Romildo Gurgel

A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se encontra no texto de  (Mateus 16).  Jesus aqui interpreta não só o mistério como também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação dessa comunidade.  A comunidade  é formada por todos aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o significado literal da palavra Igreja é:  “ aqueles que são chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja.
 A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo  elucidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs 26).
  Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso dessa verdade,  onde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo:

“chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5).

O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a  sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude de fé confessional.  
Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade dessa construção  do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibilidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).
 Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inquestionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas novas de salvação em  Jesus Cristo.
            O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento deste edifício.  Este  preparo ministerial pode ser a nível  local  e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica.  Os dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou saudável, avaliando se o fundamento edificado  não foi alterados, ou modificados.  Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem comissiona sua igreja não ela mesma.
            A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja permeia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo.  Comunidade assim, se parece com  um clube religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas taxas como mantenedouros, e vivem como meros amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio-cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas  financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista). O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus  atua através da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a  experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas  gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como está escrito:

“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:18).

 O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustração e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do novo nascimento.  Veja a advertência do Senhor:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13).

Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos proclamadores:

“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).

            Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a combater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo  exercer este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita.
 No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensinava pedagogicamente como também praticava o que ensinava.  A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazeré quando lhe deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19).

            Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21).

Só deste texto podemos extrair cinco mistérios:
1 – Evangelizar aos pobres.
2 – Proclamar libertação aos cativos.
3 – Restauração da vista aos cegos.
4 – Por em liberdade os oprimidos.
5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor.

            A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta as necessidades das pessoas que estão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas.  A"grande comissão" foi entregue  aos apóstolos, pois a eles foi lançado o desafio de  pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho.

(Mateus 28:19)  Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

(Marcos 16:15-16)  E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 

A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão  uns com os outros, pois a parede da separação foi derrubada.  
Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação.
            O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas tem se distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus apóstolos.
Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas elas.  Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimulação.  Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção.  A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a advertência  apostólica:

“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).

E ainda  adverte o apóstolo Paulo:

“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus membros a obedecerem ao evangelho e a servirem  a Deus e a seus semelhantes .

Que Deus nos ajude e nos abençoe.

Romildo Gurgel

Bibliografia:

1 - PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa-MG 2009.







terça-feira, 1 de outubro de 2013

MISSIO DEI X MISSIO ECCLESIAE

Romildo Gurgel

Acho que não é fácil entender o conceito de missão sem que haja um atrelamento entre a missão de Deus e a missão da Igreja. Não há quem perceba que o assunto de missão acontece entre duas direções se é que podemos fazer alguma  distinção. Numa direção, missão está muito presa às ações da Igreja, quanto a sua existência missiológica.  Aqui, serve aos seus ministérios bem ordenados, desenvolvem programas, criam projetos na intenção não só de manter, mas principalmente de expandir-se como Igreja. Um dos conceitos que mais contribui para a expansão nessa argumentação é expandir através do plantio de Igrejas (plantatio ecclesiae), supostamente quando assim acontece em áreas onde não exista igreja no local.
Noutra direção, missão caracteriza também aquelas atividades e projetos que tem em vista um publico bem mais amplo, além dos vínculos da instituição, cujo foco situa-se nas estruturas sociais desfavorecidas que apresentem sinais de injustiça e discriminação.
Em 1974, na cidade de Lausanne – Suíça, realizou-se o Congresso Internacional de Evangelização Mundial que contou com a participação e o tom dos teólogos latino-americanos, e, dentre eles, René Padilla. O documento final desse congresso foi denominado Pacto de Lausanne. Nele, fica claro que o Evangelho deve alcançar o ser humano, em sua totalidade:

A mensagem da salvação implica também em uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que prevaleçam. Quando alguém recebe a Cristo, nasce de novo no seu reino e, conseqüentemente, deve buscar não somente manifestar como também divulgar a sua justiça em meio a um mundo ímpio. A salvação que afirmamos usufruir deve produzir em nós uma transformação total, em termos de nossas responsabilidades pessoais e sociais.


            Perceba que dentro deste aspecto de reino o sentido de missão adquire um caráter mais testemunhal da fé do que de proclamação ou anúncio unicamente.

            Assim, cabe aqui citar um texto escrito por Tiago, o irmão de Jesus:

“De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”. (Tiago. 2.14-17 NVI)
           
            Lembramos ainda  aquilo que foi dito pelo Senhor Jesus registrado em Mateus 25:35ss “tive fome (...) tive sede (...) era estrangeiro (...) estava nu, (...) adoeci, (...) estive na prisão, (...)”. As palavras de Tiago 2:14-17 corroboram com estas ditas por Jesus, mesmo assim, devemos ter o cuidado para não super valorizar as obras a ponto de tê-la como meio de salvação, lembrando sempre  as palavras do apóstolo Paulo bastante conhecida em Efésios 2:8-9 “Pela graça sois salvos mediante a fé,  isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie”.
Sendo assim, parece razoável que a população marginalizada necessita de cristãos que estejam comprometidos com o que é, de fato, a pregação do Evangelho, dentro de uma perspectiva bem mais ampla. Ela necessita de “pessoas que creem que o propósito de Deus é unir todas as coisas sob a autoridade de Cristo e que definem o significado de sua própria existência à luz desse propósito” (PADILLA, 2009, p. 53). Ou seja, ela necessita de cristãos que vivam uma vida pessoal e comunitária voltadas para o reino e a justiça de Deus. A missão da igreja não é separar-se do mundo, mas ser enviada ao mundo. “Portanto, ide por todo o mundo e pregai o evangelho” (Marcos 16:15), e “Ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8).

MISSIO DEI

No ano de 1932, Karl Barth foi o primeiro teólogo a declamar sobre missão como atividade articulada por Deus em uma conferência missiolóica em Brandemburgo na Alemanha. Se existe uma missão, essa missão é a de Deus (missio Dei). No entanto o pensamento de Barth atingiu auge em 1952 na Conferência de Willingen onde foi revivenciado o termo “missio Dei”. Foi de lá que a ideia de missio Dei emergiu pela primeira vez de uma forma mais esclarecida. Compreendeu-se a missão como derivada da própria natureza de Deus. Ela foi colocada no contexto da doutrina da Trindade, e não da eclesiologia ou da soteriologia.
            George Vicedom  nesta mesma conferência destacou-se pela famosa obra Missio Dei:  Introduction to the Science of Mission. Cuja ênfase foi:
a)      “Deus é o sujeito ativo da missão”.
b)      Deus o Pai enviou o Seu Filho (João 1:1-5 e 1:14)
c)      E ambos enviaram o Espírito Santo (João 14:16)
d)     A trindade envia a Igreja e os crentes em particular, para cumprir a tarefa da Grande comissão (Atos 1:8 e 2:4). Ou seja, Pai, Filho e o Espírito Santo enviando a igreja para dentro do mundo.

            Foi nesta conferência que houve o reconhecimento que a igreja não poderia ser nem o ponto de partida e o alvo da missão. A obra salvífica de Deus precede tanto a igreja quanto a missão. Não se deveria subordinar a missão à igreja e, tampouco, a igreja à missão; pelo contrário, ambas deveria ser inseridas na missio Dei que se tornou então o conceito abrangente. A missão de Deus institui a missão da Igreja. A Igreja deixa de ser a remetente para ser a remetida. A missão não é a atividade primordial da Igreja, mas um atributo de Deus. Deus é um Deus missionário. Compreende-se a missão, desse modo, como um movimento de Deus em direção ao mundo; a igreja é vista como um instrumento para essa missão. Deus teve um único Filho e fez dele um missionário.
            Como igreja, nossa missão não tem vida própria: só Deus que envia pode denominar verdadeiramente a missão. Nossas atividades missionárias só são autênticas na medida em que refletirem a participação na missão de Deus. A missio Dei é a atividade de Deus, a qual abarca tanto a igreja quanto o mundo e na qual a igreja tem o privilégio de poder participar.  “ Não é a igreja que tem uma missão na terra, é o Deus da Missão que tem uma igreja na terra.” A Igreja não  anuncia ela mesma, o kerigma consiste em saber que: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Coríntios 5:19). Quem reconcilia é Deus e não a igreja.
 A estreita relação do ser da igreja é ser enviada por Deus e é nisso que consiste o  cerne da forma de se fazer a missão. O texto de (João 17:18), deve ser visto como inquebrável, já que não há outra igreja, mas a Igreja enviada ao mundo e nenhuma outra agência missionária, mas a Igreja de Cristo. Aqui merece um sério questionamento aos modelos vigentes de Igreja na atualidade.
Em O Que É Missão Integral?, René Padilla mostra que a igreja que se compromete com a missão integral entende que seu propósito não é chegar a ser grande, rica ou politicamente influente, mas sim encarnar os valores do reino de Deus e manifestar o amor e a justiça, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.
As igrejas precisam rever  as suas ações e  cumprir a missão que lhe foi confiada  para que não esteja alheia ao clamor do povo. Assim como os profetas denunciavam as autoridades quanto à exploração dos pobres, a igreja precisa denunciar a injustiça social, ter voz profética somada com ações que transformam não somente o estado deprimente espiritual, mas também o contexto que elas vivem. Se a igreja falhar na sua voz profética, quem irá clamar serão as pedras contra a missão da igreja. A igreja é a corporificação da missão de Deus na comunidade onde ela está inserida. O maior pecado da Igreja é fechar-se por causa da sua saúde e ignorar a comunidade em volta dela, que sofre toda espécie de alienação. A igreja não pode isolar-se frente ao clamor e a indagação de um povo que sofre e vive a margem da sociedade.  
Entendo que se a igreja incorporar a missão que lhe foi atribuída, as metáforas bíblicas ficarão bem mais fácil de serem entendidas, como p. ex., “o sal da terra”, “a luz do mundo”, “uma cidade sobre um monte” e outras semelhantes.

Que o Senhor nos ajude

Questionário:
1 - Em que consiste a missio Dei?
2 - Quais os principais aspectos da missio Dei?
3 -  Como se deve compreender a missão da Igreja?
4 – Como é a prática da missão da sua Igreja?



BIBLIOGRAFIA

1 - PADILLA, C. René. O que é Missão Integral? Viçosa: Ultimato, 2009.
2 - CABRIAL, Silvano Silas R. Missio Dei. Londrina – PR: Descoberta, 1ª Edição: Janeiro/2005.
3 – BOSCH,  David J. Missão Transformadora, Mudanças de Paradigma na Teologia da Missão. Editora Sinodal, 1998.
4 - http://estudos.gospelmais.com.br/missio-dei.html  - Acessado em 01/10/2013.
5 - http://www.postost.net/2011/01/missio-dei-historical-perspectives-part-1 - Acessado em 01/10/2013.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

DIÁLOGO SOBRE A CEIA DO SENHOR


Romildo Gurgel


Entendo que a ceia do Senhor envolve alguns aspectos que devemos considerar:

a)      O aspecto profético
b)      O aspecto substitutivo
c)      O aspecto vicário
d)     O aspecto do ofício
e)      E o aspecto da monitoração

ASPECTO PROFÉTICO

O profeta Isaías parece nos dar a verdade central quando declara que Deus fará de sua alma (Cristo)  uma oferta pelo pecado (Is.53:10). A compreensão dessa declaração se extrai o entendimento da expiação. Esta declaração profética traduz que os sacrifícios veterotestamentário era uma figura de Jesus como O cordeiro de Deus.

ASPECTO SUBSTITUTIVO
Os sacrifícios da velha aliança eram repetitivos, muitos animais eram mortos. Na nova aliança é um único sacrifício. Aqueles sacrifícios apenas cobriam os pecados, este  remove os pecados.

(Hebreus 10:4-5) – “Porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados. Por isso ao entrar no mundo diz:  Sacrifício e ofertas não quiseste, antes corpo me formaste;”.(grifo meu)

(Hebreus 10:9) – “Então acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo”.

(1Co.3:14)  – “Mas os sentidos deles se embotara. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que em Cristo é removido” . (grifo meu).

è O corpo de Cristo é o véu, pois quando Jesus deu sua vida, o véu do templo foi rasgado, traduzindo para nós que o caminho de acesso a Deus foi removido através deste sacrifício que foi superior aos de animais da velha aliança.

Está escrito:
“Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados;” (Hebreus 10:11). (grifo meu).

(Colossenses 2:14) – “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz”. (Isto ocorre no coração na consciência). Jesus purificou nossa consciência de obras mortas. “muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, a si mesmo ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9:14).

Podemos dizer que ele morreu em nosso lugar como verdadeiro cordeiro pascal (Êxodo 12 e 1Corintio 5:7) e foi a verdadeira oferta pelo pecado (Isaias 53:10), visto que aqueles sacrifícios oferecidos no velho testamento eram nada mais nada menos do que tipos de uma sacrifício que haveria de vir com mais perfeição (cf.Lv.6:24-30; Hebreus 10:1-4).


ASPECTO VICÁRIO

Este aspecto trata-se do sofrimento pelo qual passa uma pessoa em vez de outra, isto é, em nosso lugar. Isto supõe que nós somos isentos quanto ao sofrimento e a penalidade do castigo pelos nossos pecados. Jesus foi o vigário, o substituto que assumiu o nosso lugar, assumindo a nossa culpa e condenação.

Diz as  escrituras:
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pela fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).

“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pedro 3:18).

Disse o próprio Jesus: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10:11).

ASPECTO DO OFÍCIO

Esta prática inicialmente foi feita por Jesus em uma ceia junto com os seus discípulos (cf. Mateus 26:26-30). É bom lembrar que Jesus nesta celebração está deixando bem claro que o seu dia esta se aproximando. A intenção aqui é preparar o coração dos discípulos para sua hora que estava prestes a acontecer trazendo revelação  desta realidade que iria ser descortinada.  Perceba que esta ceia é uma celebração da páscoa que lembra a passagem dos judeus pelo Egito. Os discípulos sabiam muito bem o significado desta celebração.  Se a celebração da páscoa era uma forma de festejar a saída do Egito para a terra prometida, Jesus  aqui se insere na celebração pré-inaugurando a nova aliança como ele mesmo sendo o cordeiro de Deus oferecendo a sua carne e o seu sangue, tendo o pão e o vinho como símbolos da sua morte e ao mesmo tempo um oficio a ser celebrado como memorial pelos seus discípulos.  No entanto esta celebração ocorreu antes do sacrifício, como se deu com o povo de Deus no exílio antes da saída para a terra prometida, e esta celebração ainda será realizada novamente na sua segunda vinda,  como se deu com os israelitas ao serem inseridos na terra prometida a celebração da pascoa.  Por sua vez, a  a boda do cordeiro se dará na segunda vinda de Cristo, onde haverá nova celebração. Da mesma forma que a celebração da páscoa é importante para o judeu, a ceia é importante para o cristão que celebra a passagem da vida das trevas de pecado para a maravilhosa luz da vida em Cristo Jesus.

A palavra instrutiva como ofício aparece  somente em  (Lucas 22:19) onde o médico escreveu esse evangelho de uma forma mais apurada, acrescentou “Fazei isso em memória de Mim”.
Este aspecto distinto traduz para os que participantes que devem trazer a lembrança, não como algo em existência no momento presente, mas sim algo do passado que esta sendo lembrado, sendo trazida a memória. A alegria da participação desta celebração é que Jesus como cordeiro, não precisará mais sacrificar-se novamente.

Este ofício foi amplamente praticado pela igreja primitiva em suas residências (cf. Atos 2:42).

O crente ao participar da Ceia do Senhor demonstra simbolicamente tudo o que a morte de Cristo significa para ele.

Nos é dito expressamente que a ceia do Senhor simboliza a morte de nosso Senhor como sacrifício pelos nossos pecados:
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha” (1Coríntios 11:26).

Podemos dizer ainda  que a  ceia é uma reunião simbólica onde se traz a memória o sacrifício vicário de Jesus Cristo, e espera-se que todos participantes tenham sido beneficiados mediante a expressão de sua fé. Jesus tanto é o nosso cordeiro pascoal, bem como o nosso sumo-sacerdote-eterno,  entregou sua vida a morte afim de que pudéssemos recebê-la; Ele é o doador é nós somos os receptores, (cf. João 12:24 “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.),  os beneficiados pelo seu sacrifício em ter aberto a porta da comunhão com Deus através do véu, isto é sua carne e receber o seu senhorio, como está escrito:
“Tendo, pois irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza, tendo os corações purificados de má consciência, e lavado o corpo com água pura” (Hebreus 10:19-22).

Diante do exposto entendo que a ceia do Senhor deve ser uma celebração de vida, cada participante deve se alegrar nesta comunhão com Deus pelo caminho que lhes foi aberto por Jesus Cristo. Neste ponto, o Senhor participa na comunhão, como Cordeiro, doador de vida e Senhor. Aqui reside a importância da introspecção de uma avaliação pessoal ao participar desta festividade (1Coríntios 11:28). A celebração é da comunhão.

ASPECTO DA MONITORAÇÃO

Está escrito:
“pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós mesmos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Coríntios 11:29-32)

Amém
Romildo Gurgel

Fonte:
1 – Bíblia Vida Nova da editora Vida.
2 – Chave Bíblica, SBB.
3 – Concordância Bíblica, SBB
4 – Palestra em Teologia Sistemática, Henry Clarence Thiessen; 1987; IBR.
5 – Pequena Enciclopédia Bíblica, O.S.Boyer; 1978; Editora Vida.








domingo, 1 de setembro de 2013

A LEI DO ANTIGO PACTO X A LEI DO NOVO PACTO

Por  Romildo Gurgel

(Hebreus 8:10) – “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.

Aqui está revelado a diferença entre o novo pacto e o antigo pacto.  No velho pacto, a lei estava fora do homem, foi escrita em tábuas de pedra.  No novo pacto, a lei é escrita em nossos corações.  Logo os que estão sujeitos à lei da velha aliança, estão debaixo da lei do pecado e da morte, pois a lei não aperfeiçoava ninguém, antes encerrava a todos  como pecadores transgressores. Os observadores da lei são chamados como sendo aqueles que estão na superfície da letra, pois essas leis estão do lado de fora das vida humana, enquanto que a lei do novo pacto é inscrita na profundidade, nos corações, conforme  está escrito: “...não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2Co.3:3); e ainda continua o apóstolo: “o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2Co.3:6). Percebe que somos colocados como ministros do novo pacto tendo como base a vida e não leis do velho pacto.

Qual é a lei que pode ser colocada em nossos corações e qual a sua natureza?

a)      Não é a lei da letra, ou seja, a lei do velho pacto, velha aliança ou lei mosaica, mas a lei da vida. A lei que Deus põe em nossos corações é a lei da vida que ele nos dar, por intermédio do Espírito Santo. A vida de Deus vem do Seu Espírito.
b)      O apóstolo Paulo nos diz que a lei da nova vida, nos livra da lei do pecado e da morte, interpretando para nós que a lei do velho pacto da velha aliança, foi abolida por essa nova lei de vida.
(Romanos 8:2) – “Porque  a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”.
Com isso entendemos que a lei do Espírito de vida é uma única só lei enquanto que a lei do antigo pacto contém muitos artigos. A grande questão não consiste em ser observador de inúmeras leis, preceitos, regras e assim tentar obedecê-las, mas possuir dentro de si a  própria vida do filho de Deus em nossos corações e ser livrado da lei do pecado e da morte.

Todos nós estávamos enfermos e mortos por causa da lei do velho pacto. Então Deus colocou em nossos corações o Espírito Santo afim de que a vida do Seu Filho seja impressa em nossos corações. Isto traduz para nós que esta é a lei do Espírito de Vida, como está escrito: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8:3).

Deus colocou dentro de nós a lei da vida, e esta lei foi dada pelo Espírito Santo que imprime a vida de Jesus Cristo em nossos corações. 

c)      Observe que o texto menciona que o novo pacto foi destinado para a casa de Israel.  Devido Israel ter desprezado este novo pacto pelo endurecimento em não reconhecer Jesus Cristo como messias e introdutor do novo pacto, foi-nos aberta a porta dessa graça, afim de que as bênçãos que eram destinadas para eles, viessem para o desfrute dos gentios, revelando no entanto o grande parêntese do mistério oculto de Deus que é a sua Igreja conforme está escrito:
“Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação vieram a alcançá-la, todavia a que decorre da fé, e Israel que buscava a lei de justiça não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não decorreu da fé, e, sim, como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço, como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido” (Romanos  9:30-33).

Com a rejeição de Israel, veio a esperança para os gentios. Quando os seus ramos foram quebrados, nós como oliveira brava, fomos enxertados e nos tornamos participantes da raiz e da seiva da oliveira (cf. Romanos 11:17). A mesma escritura ainda diz que se eles considerarem o novo pacto elaborado e concluído em Jesus Cristo seria também reenxertados nesta mesma oliveira que faziam parte antes quando era vigente o velho pacto (cf. Romanos 11:23-24). Mas enquanto eles permanecerem alheios e desconsiderarem este novo pacto, permanecem cortados até o dia de hoje.

Sejamos, pois agradecidos pela tão grande salvação.

Romildo Gurgel


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

PRESERVANDO A VITALIDADE ALMÁTICA


“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosa em Deus, para destruir fortalezas; anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10:3-5).

O texto apresenta uma batalha  cujas armas de apetrechos de guerra são utilizadas em um conflito mental onde todos nós somos imbuídos como coadjuvantes.  O campo de batalha é travado aqui, na nossa mente. Frente  às linhas de combate estas armas  se encontram opondo-se umas contra as outras e  o nosso arbítrio consiste em se aliar a uma delas. Não há como ficar na neutralidade ou como mero expectador, como um  boneco no conforto das  arquibancadas mentais e emocionais, pressentindo ou assistindo os fleches do que vai acontecer, alimentando nossas emoções com diversos sentimentos na medida que as linhas de frente vão se desenvolvendo, tomando ali suas posições.  

Experiencialmente, percebe-se que isso acontece as vezes de uma forma rápida e outras como que as milícias vão se aglomerando, construindo uma formação bem agregada até que uma milícia se configure convencendo o nosso coração a apoiar e se alistar.
Duas forças de milícias são formadas para que haja uma batalha para uma possível sujeição ou erradicação.   

Todos nós estamos convocados quanto a participar desta luta interior no campo de nossas almas.

A metodologia desta batalha não depende das táticas utilizadas deste mundo. O que o texto sugere é que apelemos para o uso das poderosas armas de Deus para derrotar as fortalezas da linha de frente inimigas da verdade. Elas (fortalezas inimigas) deverão ser neutralizadas e serem levadas cativas a obediência de Cristo. E nisto consiste a nossa vitória interior.

Sugere ainda o texto que a revelação da pessoa de Cristo é o que forma a milícia poderosa contra as argumentações especulativas intelectuais. Se a luta é no campo da mente, é de suma importância que a revelação da verdade, que é o poder de Deus, haja contra essas linhas inimigas mentais  levando-as cativas a obediência da verdade da pessoa de Jesus Cristo. 

Como coadjuvantes, o apelo apostólico reside em utilizamos as armas poderosas em Deus para destruição destas fortalezas mentais. Se assim fizermos no final, depois de ter vencido tudo, a vitória será nossa.
No entanto, devemos nos submeter à Deus, resistir às forças malignas mentais para que possamos ficar firmes. Deveremos ter ânimo pronto, acreditando que a palavra de Deus seja o guardião de nossos corações. Sendo assim, a paz de Deus que excede todo entendimento poderá guardar nossos corações em Cristo Jesus.
 A palavra de Deus  é conhecida como espada de dois gumes, penetra nas juntas, medulas, faz separação entre alma e espírito e é apta para discernir os intentos e os propósitos do coração (Hb.4:12). Ela é arma defensiva e ofensiva ao mesmo tempo, é radar esquadrinhador, não se quebra, não se fragmenta pelo uso ou se desgasta, ela é eterna.

Deus o grande general, em Cristo é o Rei da milícia da verdade...
Ele mesmo disse: "Eu sou o caminho a verdade e a vida" (João 14:6). 

E ainda mais  disse: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida"(João 6:63).

No entanto, não há como desertar desta luta interior. Devemos acreditar na verdade da palavra de Deus e deixar que ela assuma a liderança desta batalha.

Ao Exemplo de Jesus quando estava para decidir entre a sua vontade e a de seu Pai,  Ele disse:

" A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo" (Mateus 26:38)

Disse ainda:

"Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai: Se possível passe de mim este cálice! Todavia não seja como eu quero, e, sim, como tu queres" (Mateus 26:39).

Concluo com o salmo de Davi, que nos faz refletir tudo o que reportamos aqui nesta reflexão. O rei Jesus tem que reinar interiormente dentro de nós.

"Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da glória, quem é o rei da Glória.  Quem é o Rei da Glória? o Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória" (Salmo 24:9-10).

Amém,

Romildo Gurgel

13:11 h. do dia 14/08/2013 atualizado em 29/08/2013