quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A GRANDE COMISSÃO COMO UM MANDATO PROCLAMADOR E TRANSFORMADOR

Romildo Gurgel


A Grande Comissão de (Mateus 28:19-20) é um dos mandatos mais significativos para quem deseja servir ao Senhor e encarnar a sua vontade como instrumento reconciliador.  Em primeiro  lugar, a grande comissão é o registro da última instrução pessoal deixada por Jesus a seus discípulos. Em segundo lugar, é uma chamada especial de Jesus Cristo a todos os seus seguidores para praticarem enquanto estiverem aqui na terra.
Mateus  relatou também  em seu evangelho  uma "Comissão Menor" anterior a esta, apenas para os doze, (cf. Mateus 10:5-42), direcionada apenas para as "ovelhas perdidas da casa de Israel" sendo obedecida pelos seus discípulos  durante  e depois da estadia de Jesus aqui na terra. Nela, o Senhor profere uma de suas mais famosas frases, "Não vim trazer a paz, mas a espada".
Algumas parábolas  ensinadas por Jesus, retratam o endurecimento dos corações dos judeus frente a salvação do seu messias. O reino seria tomado e entregue a outros povos. Como por exemplo a parábola dos dois filhos de (Mateus 21:28-32) onde  Jesus teceu a história de um homem que tinha dois filhos, chegando para o primeiro (judeus)   pediu que fosse trabalhar na sua vinha, onde este prometeu ir, porém não foi. Por sua vez, chegou também para o segundo (gentios) fez o mesmo pedido, onde este respondeu que não queria trabalhar na vinha, mas depois arrependido do que disse, foi trabalhar. Jesus finaliza a parábola com estas palavras:

“Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus. Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram” (vs.31-32).

Sequencialmente Jesus teceu outra parábola em (Mateus 21:33-46 parábola dos lavradores maus), que aponta para esta transição de encargo missional. No entanto, esta segunda é bastante crucial em sua ênfase. Ele começa dizendo que um dono de uma casa plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, construiu um lagar, edificou uma torre e arrendou-a a uns lavradores (Judeus) ausentando-se subsequentemente deste pais. Chegando ao tempo da colheita enviou alguns servos para receber os frutos do trabalho dos lavradores, sendo seriamente maltratados, espancados um a um levando alguns a falecerem por esses maus tratos. O dono da vinha enviando outros servos foram tratados de igual modo.  Comovido pelo ocorrido e pela dureza dos arrendatários, decidiu enviar o seu próprio filho achando que por ser filho, eles iriam respeitar e recebê-lo como deveriam receber. Mas os lavradores vendo-o disseram:  ‒ É o filho, matemo-lo porque esse é o herdeiro e nos apoderemos da herança. Assim procederam.
A conclusão da parábola está nos (vs.42-43)  que diz:

“A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular; isso procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos  frutos”.

Diante da realidade da missão que Deus nos entregou, a Igreja tem a tarefa de  trabalhar nesta lavoura na posição de serva obediente, comprometida em trabalhar trabalhando e ao mesmo tempo colhendo e cuidando  dos frutos que não  pertencem a ela até que venha a prestação de contas quando o dono da casa pedir que apresente o relatório de sua  administração.
A grande comissão tem também como base a ação trinitária, no sentido de colocar todas as pessoas no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A trindade incuba-se na  ação transformadora do aumento e crescimento e desenvolvimento da lavoura, através da proclamação pedagógica do evangelho. A abrangência do campo agora é bem maior: É o mundo todo, envolve todas as raças, tribos e nações em toda situação social em que se encontram, devemos confirmar nossa obediência proclamando a redenção do Filho como herdeiro da lavoura e da casa.
Na grande comissão, Jesus não deu uma grande sugestão, mas uma grande “missão”, “remeter”, “enviar” que só pode ser obedecida desinstaladamente, informalmente, relacionalmente e permanentemente. Fomos chamados a “ir” e não somente a “vir” (Mateus 11:28), somos desafiados a ver em cada passo da caminhada uma oportunidade para partilhar do amor de Deus revelada em Cristo. A melhor maneira de participar dessa vida  é empregando-a em algo que tem implicações eternas.
O discípulo é convocado por Jesus a erguer seus olhos para além de suas próprias fronteiras, compreendendo que o projeto divino de transformação inclui todas “as tribos, línguas, povos e nações” (Apocalipse 5:9). O Cristo que abraçou o mundo (João 3:16) nos ordena a fazer o mesmo de maneira sábia e responsável.

A CONVOCAÇÃO É DE DEUS, A MISSÃO É DE DEUS
E A CAPACITAÇÃO TAMBÉM É DADA POR DEUS

“Sem mim nada podeis fazer” (João 15:5)

A obrigação de pregar o evangelho não depende da letra, mas do Espírito de Cristo.  A autoridade de Jesus provê a base para toda obediência do cumprimento da missão. Em  (Lucas 24:44-49), Jesus diz que todas as pessoas serão chamadas a se arrepender e pede aos seus discípulos que esperem em Jerusalém até que lhes seja investido o poder,  que historicamente aconteceu nos dias da festa de pentecostes em Jerusalém. No livro de (Atos 1:4-8). Lucas também relata Jesus enviando discípulos durante o seu ministério para todas as nações e dando-lhes o poder sobre os enfermos e os demônios (cf. Lucas 9:1-2). Em João, Jesus promete enviar-lhes o paracleto, o que também ocorreu em (João 20:19-23). Sendo assim, a igreja possui toda cobertura necessária para cumprir a missão que lhes foi conferida.
A maneira como a grande comissão deve ser levada a cabo pode ser vista pelos três gerúndios. Padilla (p.33-34) descreve muito bem:
1 – O ide é indo “poreuthentes” (v.19) – aqui aponta para uma atitude do discípulo em constante missão mesmo que não cruze uma fronteira geográfica.
2 – Batizando “baptizontes” (v.20) mostra que o fazer discípulos envolve a introdução dos novos crentes à comunidade cristã por meio desse rito de iniciação.
3 – Ensinando !didaskontes” (v.20) -  esclarece que o fazer discípulos  não pode ser dissociado de uma formação integral orientada à obediência da fé.

Podemos resumir que a ideia central da grande comissão consiste em:

a)      Conduzir as pessoas para o caminho (Jesus) para que vejam e entrem no reino de Deus através do (novo nascimento). Somos criadores de pontes para esta conexão.

b)      Levá-los a participar de uma transformação espiritual-almática-física e social. Somos cooperadores para que aconteça a reconciliação do homem em sua totalidade.
c)      Ensinar de uma forma pedagógica a guardar e praticar todos os ensinos que Jesus deixou para serem obedecidos. Não apenas as mais agradáveis, mas a verdade de toda palavra, não apenas o leite, mas também o alimento sólido.

Deus abençoe,

Romildo Gurgel


FONTES

1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Comiss%C3%A3o#Relatos_no_Novo_Testamento; acessado em 22/10/2013.
2-http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/04/a-grande-comissao-uma-missao-inacabada/#.UmaGTPk05_k; acessado em 22/10/2013.
3-http://www.allaboutjesuschrist.org/portuguese/a-grande comissao.htm#sthash.FrbHHPiV.dpuf
4 – PADILLA, René C. O que é Missão Integral.Editora Ultimato. Viçosa/MG. 2009.
5 – Bíblia Vida Nova- Editora Vida.
6 – Chave Bíblica – CBB.



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