segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O DOM DO DISCERNIMENTO DE ESPÍRITO




O discernimento não é um pré-julgamento e nem um ajuizamento. Muito embora na definição da palavra, apareça como uma forma de ajuizar. Para nós cristãos, ajuizar é colocar-se acima de outros como autoridade de julgá-los. Portanto, ainda não é a forma correta de manifestar esse dom. O dom do discernimento jamais é um julgamento e uma condenação. O discernimento preserva a verdade, desvenda penumbras e desnuda roupagens. Para se ter discernimento é preciso ter a mente de Cristo. Ter a mente de Cristo, é pensar como Jesus pensava. Jesus vivia, pensava e a agia de acordo com as escrituras sagradas, como está escrito: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma porque ouço, julgo.  O meu juízo é justo porque não procuro a minha vontade, e, sim,  a daquele que me enviou” (Jo.5:30). “... porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15:15c), “ ...as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo” (Jo.8:26c). Jesus é a encarnação do verbo, da própria palavra, como está escrito: “E o verbo se fez carne”. Ter a mente de Cristo se adquire pela intimidade com a palavra do Senhor e com o Senhor. Esta intimidade é uma entrega contínua, um despojar-se e um revestir-se (cf. Ef.4:22; Cl.2:15; Tg.1:21; 1Pe.2:1). Uma simples observação verifica-se que Jesus não pecava, antes encarnava a palavra, pois ele próprio como o verbo encarnado  habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo.1:14).

Discernimento espiritual é a graça de perceber o invisível, indo além da casca da aparência natural, pois a natureza  humana cobre como um véu e embute a realidade com aquilo que é aparente. O discernimento é um dom do Espírito para captar o que está oculto, é de cunho espiritual, penetra na origem, é uma luz, uma percepção clara e certa da natureza das coisas, cujo propósito é entender e desvendar as coisas que estão encobertas. Para que isso venha ocorrer, a primeira coisa que precisa ser removida, são os conceitos distorcidos da natureza humana que concorrem ao lado da verdade. O véu que é a carne, bem como sua natureza, tem que ser separada, para ser removida, e a palavra de Deus faz essa divisão, essa separação como está escrito: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12). A natureza humana, a carne (véu) tem uma mente e esta mente não aceita a mente do Espírito, como está escrito: “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? Nós porém temos a mente de Cristo” (1Co.2:14-16). Todo cristão deve ter a mente de Cristo pelo fato de ter o próprio Cristo morando em seu interior. Mas aquele que não tem a Cristo interiormente, pode até saber de muitas coisas e ter conhecimento e ciência, mas resume-se ao nível natural, como a escritura prescreve dizendo: “Pois, quem conhece os pensamentos do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus” (1Co.2:11).

O alvo do discernimento é salvar e não condenar. O objetivo do discernimento reside em escavar e descobrir as verdadeiras raízes das necessidades humanas. Esse é um princípio que precisa estar bem fundamentado para que possamos discernir sem permitir que a natureza emocional humana assuma o controle quando for desvendado a natureza das coisas.

Para que haja discernimento é preciso se tornar cego para aquilo que está aparente aos olhos naturais. Como está escrito: “O Senhor contudo, disse a Samuel: Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência (o exterior de uma pessoa), mas o Senhor vê o coração” (1Sm. 16:7).

Se você que discerniu não estiver revestido de amor e compaixão, os demônios poderão desafiá-lo e intimidá-lo ao ponto de não poder reagir. Eles poderão lançar seus ataques se passando pela própria pessoa discernida. É preciso conhecer a diferença entre o espírito opressor e a pessoa oprimida. O coração perdoador e amoroso, anulará qualquer retaliação do engano nesses momentos, visto que a retaliação inimiga é manter-se camuflada na natureza humana, assumindo uma personalidade como se fosse a própria pessoa. Ele tentará deslocar a percepção do discernimento para esfera humana  e levá-lo a concluir que não se trata de uma ação demoníaca, mas apenas de uma opressão, como se ele não estivesse ali. As vezes as ideias malignas podem estar armazenadas no coração discernido, sem que o diabo esteja lá. Um exemplo dessa verdade é mostrada no evangelho  quando Jesus começou a ensinar aos seus discípulos que convinha entrar em Jerusalém e cumprir o que estava escrito acerca do seu sofrimento junto a classe religiosa de sua época, ser morto e ressuscitar. Confira o texto: “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia. E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda! Satanás; tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens” (Mt.16:21-23).  Se Deus revelar o coração dos homens e nos colocar para libertá-los de seus cativeiros, não podemos reagir cedendo as palavras daqueles que estão sendo discernidos. Á medida que nosso discernimento se torna à semelhança de Cristo e os segredos do coração dos homens são revelados poderemos ser usados por Deus para uma possível libertação. As vezes é necessário unicamente levar o discernido a substituir a ideia pela verdade, já em outras vezes, deve-se expulsar Satanás mesmo.

Se não adquirirmos a divina capacidade de sermos piedosos, você desistirá facilmente da pessoa que discerniu, porque no geral, qualquer retaliação por parte dele, poderá desgastá-lo emocionalmente e o discernimento poderá se transformar em uma crítica, uma desavença. Tenho visto que isso tem acontecido muito no meio do povo de Deus, é crítica por cima de crítica!! Mas sem resolver nada.  Nestes momentos pensam que estão tendo algum discernimento,  enquanto na verdade estão vendo as coisas pelo véu das cogitações da esfera humana, até mesmo como um bom conselho. O discernimento antes de se nomear, tem uma ação restauradora, conforme está escrito: “Não julguem para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados. E a medida que usarem, também será usada para medir vocês. Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco do seu olho, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”  (Mt.7:1-5).

O discernimento poderá também acontecer por intermédio de uma ação restauradora desfrutada por nós mesmos. O arrependimento é a remoção das vigas de nossos olhos; é o verdadeiro começo de uma percepção cristalina. Quando somos ajudados pelo Senhor, nos tornamos aptos também para ajudar por intermédio daquilo que nós mesmos fomos ajudados pelo Senhor. A bênção fica armazenada em nossos corações. Discernir bem, é vê sem trave, sem argueiros em nossos olhos.

O alvo do discernimento é ver com clareza e com verdade, sem cogitações humanas. Isto só ocorrerá se for desarraigado o instinto de julgar os outros. Discernimento começa primeiramente conosco, depois de ser removido tudo, ficaremos aptos para ver claramente o que se passa com as pessoas. Confira o que Jesus disse acerca disso: “Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mt.7:5).  Vemos aqui, que Jesus compara o ato de abordar as pessoas a respeito de seus pecados com o ato de tirar o cisco de nossos olhos. O olho é a parte mais delicada e sensível do corpo humano. Devemos tirar o cisco dos olhos de alguém com muito cuidado! Primeiro precisa conquistar sua confiança. Para ajudar os outros é preciso ver claramente, caso contrário o cisco ainda continuará lá.

Quando temos a mente de Cristo, temos a palavra viva em nossos pensamentos. Quando a palavra de Deus perscruta e penetra a vida das pessoas, Deus concede irmos junto com ela percebendo o que ela repara e identifica. Isto é discernimento de espírito. Portanto, não deve existir nenhum problema em nosso interior, pois os problemas não resolvidos, são traves nos olhos, que ofuscarão a nossa percepção.

Concluindo:

Todas as ações restauradoras investidas por Deus em nosso favor servirão de socorro e bênção para aqueles que estiverem precisando das mesmas restaurações. Dessa maneira poderemos receber sonhos, visões, revelações, livres de qualquer preconceito carnal e sermos usados pelo Senhor para ajudar pessoas.
Confira esta verdade com o que o apóstolo Paulo diz:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações” (2Co.1:3-4)
Tudo que recebemos da parte de Deus fica armazenado em nossos corações, que Ele mesmo usará no discernimento para abençoar os que estiverem passando pelos mesmos problemas que passamos.

Que Deus nos ajude.
Amém!!!

Romildo Gurgel
Agosto/2012

Fonte:
1 – Bíblia Vida Nova
2 – Bíblia NVI
3 – Dicionário Michelis
4 - Ministries of Francis Frangipane
5 – Chave Bíblica.

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