“Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus e
pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo por meio das vossas orações
a meu favor diante de Deus, para que eu me livre dos descrentes da Judeia e que
a ministração que desejo realizar em Jerusalém seja bem recedida pelos santos,
de maneira que, pela vontade de Deus, eu vos possa visitar com alegria e em
vossa companhia desfrute de um período para recuperar as forças” (Romanos
15:30-32 KJA).
O apóstolo Paulo recebeu de Deus
uma mensagem para ministrar aos santos em Jerusalém. Ele sente este forte
encargo de ir aquele local. Ele percebe que os obstáculos serão grandes e que
desafiam sugar bastante as suas forças
na ministração. Ele percebe ainda que esta ministração vai exigir muito dele
nas argumentações, pois sabe que na
Judeia existe um bom numero de pessoas incrédulas que trafegam pelo seio da
igreja como irmãos e que poderão diluir a mensagem que Deus lhe deu. O desejo
dele é que esta mensagem seja ministrada na alegria e que flua sem obstáculos e
os santos recebam a mensagem de Deus. Esta visita a Jerusalém é importante para
o apóstolo, pois ele deseja compartilhar
além da mensagem, a companhia dos
irmãos até serem fortalecidos. O apóstolo entende que não será fácil, além de
identificar certas pessoas incrédulas, ele sabe que quem está fechando os olhos
do entendimento dessas pessoas é o diabo que atravanca a percepção da luz da
mensagem para que não venham acreditar no que será ministrado. O apóstolo se antecipa aos fatos e pede àquela
comunidade que lute com ele em oração para que Deus os livre dos descrentes da
Judeia que poderão ser obstáculo na reunião. Veja que a intenção do apóstolo é
ministrar exclusivamente aos santos, desfrutar da comunhão com os irmãos e
serem empoderados de forças.
Nesta pequena reflexão quero
chamar atenção do leitor que a oração é uma forma de lutar contra os obstáculos
no exercício da vida cristã. Esta luta acontece no nível espiritual e natural,
no interior da pessoa e no exterior dela. A luta através da oração se inicia
por uma percepção antecipada do que poderá vir acontecer. A oração é uma forma
de se antecipar a esses obstáculos de vencer estas potestades que se interpõem
sugando a força espiritual do apóstolo. O apóstolo percebe que os incrédulos
contra-argumentarão da sua mensagem e a luta já começou dentro dele antes de
chegar lá. Isto lembra o que aconteceu com Jesus no jardim Getsêmani quando se
aproximava o dia da sua prisão e crucificação (Mateus
26:36-46). Jesus se antecipa aos fatos e chega no jardim com seus
discípulos e pede para eles se assentarem enquanto vai orar a parte. Mas antes,
compartilha com seus discípulos o que está ocorrendo no seu interior dizendo: “a minha alma está
sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a
mim, seguindo um pouco a diante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: Ó meu
Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja como Eu
desejo, mas sim como tu queres” (v.39). Isto se repetiu por três
vezes! O evangelho de (Lucas 22:39-46) descreve em detalhes o que aconteceu
na terceira vez que Jesus orou, transcrevo o que aconteceu: “Foi então que
apareceu-lhe um anjo do céu que o encorajava. E, em grande agonia, orava ainda mais
intensamente. E aconteceu que seu suor se transformou em gotas de sangue caindo
sobre a terra”(v.43-44). Nossa imaginação foge ao pensar nessa dimensão de luta e sofrimento através da
oração, mas uma coisa é certa, foi grande a luta ao ponto de suar grandes gotas
de sangue. Depois
desta terceira vez e de ser fortalecido, encontrou os seus discípulos exaustos
adormecidos e disse: “Levantai-vos e orai! Para que não venhais a cair em
tentação” (v.46). Jesus agora está se referindo a luta que os discípulos
iriam enfrentar ao assistirem o que estava prestes acontecer com o seu Senhor.
Jesus reclama da falta de vigilância deles e a preparação antecipada para esses
momentos.
Em resumo, o que aprendemos com
esta oração de Jesus, não resta dúvidas, a oração é uma forma de lutar contra os obstáculos
espirituais que se processa no intimo do coração que tenta deslocar-nos da gestão da vontade de Deus. Jesus sabia que
a vontade do Pai era que ele bebesse do cálice que lhe estava destinado a beber
(isso diz respeito à morte com que teria que morrer). Aprendemos que a vitória
da cruz foi um fato consumado por Jesus, mas para que isso se concretizasse,
teria que ser através da oração onde Jesus recebeu encorajamento, conforme está
escrito: “Foi
então que apareceu-lhe um anjo do céu que o encorajava” (Lc.22:43). Se Jesus o filho de Deus teve que lutar em oração por
três vezes, quanto mais nós deveremos
assumir nossa responsabilidade de lutarmos
também em oração.
O apóstolo Paulo entende que a
luta contra a incredulidade de certos irmãos desta comunidade, é influenciada
pela lei mosaica e não é inerente a própria pessoa, e sim a uma argumentação sobre
a circuncisão x salvação, tendo como fonte a lei que fala e controla a fé desses irmãos.
Ele percebe que há algo espiritual que cega os olhos do entendimento desses
incrédulos para que não resplandeça a luz do evangelho da graça de Jesus Cristo. Ele diz ainda que o foco da luta
é contra principados e potestades que querem exercer suas forças influenciadoras
na vontade e na fé, através da incredulidade, como está escrito:
“Porquanto, nossa luta não é contra seres humanos, e sim
contra principados e potestades, contra os dominadores deste sistema mundial em
trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por esse
motivo, vesti toda a armadura de Deus, a fim de que possais resistir firmemente
no dia mau e, havendo batalhado até o final, permanecereis inabaláveis, sem
retroceder” (Efésios 6:12-13).
Note
que o apostolo sugere que se deve resistir com firmeza, batalhando até o final,
permanecendo inabalável sem retroceder. Todo esse processo de luta é interno,
no coração para assumir a liderança e o controle da vida das pessoas. É preciso
se fortalecer na vontade de Deus que é a força do seu poder, se revestindo de
toda armadura de Deus para poder ficar firme contra as ciladas do Diabo. Não confie na sua vontade própria, antes
entregue o seu caminho ao Senhor, confie na sua vontade e o mais teremos toda a
provisão necessária a essa vontade.
Uma pergunta interessante é que tipo de mensagem o
apóstolo havia preparado para os santos em Jerusalém. Alguns defendem que a
carta do apóstolo aos Gálatas foi escrita em Antioquia na Síria ou em Corinto,
por volta do ano 50 d.C, cujo conteúdo trata-se do que aconteceu na estadia do
apóstolo na reunião daquele concílio. Percebe-se claramente lendo as primeiras
linhas de (Gálatas 2). Colocando a carta aos
Gálatas, ao lado de (Atos 15), verifico que a
motivação do apóstolo em preparar essa mensagem foi devido a certos homens que
haviam descido da Judéia, passaram a ensinar aos irmãos que sem a
circuncisão conforme a tradição ensina
por Moisés as pessoas não poderiam ser salvas, por esse motivo Paulo e Barnabé
tiveram uma acirrada divergência com eles. E os irmãos decidiram que Paulo e
Barnabé, deveriam subir até Jerusalém e tratar dessa questão com os apóstolos e
com os presbíteros (cf. At.15:1-2; e Gl 2). Sendo assim, concluo que o material
utilizado pelo apóstolo em Jerusalém, foi o mesmo que ele enviou aos santos na
Galácia. O resultado do que aconteceu
está naquilo que o apóstolo antes lutou em oração. Vejamos em resumo o
acontecido em Jerusalém (Atos 15). Tendo chegado
em Jerusalém foi muito bem recebido pelos apóstolos e presbíteros, onde tiveram
a oportunidade de relatarem tudo o que Deus estava fazendo no meio dos gentios (At.15:4). Alguns fariseus que haviam crido,
levantam-se protestando (At.15:3). Diante disso
os apóstolos e presbíteros se reúnem para deliberar sobre a questão imposta (At.15:6). O apóstolo Pedro relata a experiência que
teve com os gentios (casa de Cornélio em Atos 10) de modo que foi favorável com
o apóstolo Paulo que a salvação e mediante a graça no Senhor Jesus (cf. Atos 15:11). Tiago dá também o seu parecer que
não se deve constranger dentre os gentios os que estão se convertendo, mas
antes que se abstenham dos ídolos, da imoralidade, da carne de animais
sufocados e do sangue (At.15:19-20). E por fim o
concílio chega ao fim com a redação de
uma carta que seriam enviadas aos cristãos de Antioquia com esse parecer de
Tiago. Conclusão: Vitória total. O apóstolo lutou em oração e Deus abençoou.
Deus abençoe
Romildo Gurgel
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