A salvação é obra de Deus e não do homem. É salvação do pecado e não no
pecado. É salvação pela graça divina e não pelo mérito humano. É recebida pela
fé e não pelas obras. A salvação foi planejada na eternidade, é executada na
história e será consumada no segunda vinda de Cristo. A salvação pode ser
analisada na perspectiva do tempo. Quanto ao passado já fomos salvos, quanto ao
presente estamos sendo salvos e quanto ao futuro seremos salvos. Quanto ao
passado, já fomos salvos da condenação do pecado; quanto ao presente, estamos
sendo salvos do poder do pecado; e quanto ao futuro, seremos salvos da presença
do pecado. Vejamos esses três tempos da salvação:
Em primeiro lugar, quanto à justificação já
fomos salvos. A justificação é um ato e não um processo. É feita fora
de nós e não em nós.
Acontece no tribunal de Deus e não em nosso coração. Pela justificação, Deus
nos declara justos em vez de nos tornar justos. A justificação é completa e não
possui graus. Todos os salvos estão justificados de igual forma. A justificação
é um ato legal e forense. Com base na justiça de Jesus, o Justo, Deus justifica
o injusto sem deixar de ser justo. Seria injusto Deus justificar o injusto.
Porém, Deus, é justo e o justificador do que crê. Isso, porque Deus satisfez
sua justiça quando entregou seu Filho, o Advogado Justo, para sofrer as
penalidades que nós deveríamos sofrer. Deus fez cair sobre ele a iniquidade de
todos nós. Agradou a Deus moê-lo. Jesus foi traspassado pelos nossos pecados.
Ele foi feito pecado por nós. Ele bebeu, sozinho, todo o cálice cheio da ira de
Deus contra nós, pois éramos filhos da ira. Pela morte de Cristo a lei foi cumprida
e a justiça foi satisfeita, de tal maneira que, agora, Deus pode ser justo e
justificador. Deus considerou satisfatório o sacrifício substitutivo do seu
Filho e nos declarou quites com sua justiça. Já não pesa mais nenhuma
condenação sobre aqueles que estão em Cristo Jesus, pois o próprio Jesus é a
nossa justiça.
Em segundo lugar, quanto à santificação
estamos sendo salvos. A salvação já está consumada pelo sacrifício
perfeito e irrepetível de Cristo. Diante do tribunal de Deus já estamos salvos.
Nossos pecados passados, presentes e futuros já foram tratados na cruz de
Cristo. Porém, quanto ao processo da santificação, estamos sendo transformados
de glória em glória na imagem de Cristo. Agora, Deus está trabalhando em nós,
formando em nós o caráter de seu Filho. Se a justificação é um ato, a
santificação é um processo que começa na regeneração e só terminará na glorificação.
Se a justificação não tem graus, a santificação tem. Nem todos os salvos estão
na mesma escala de crescimento rumo à maturidade. Precisamos, dia a dia,
negarmo-nos a nós mesmos. Precisamos de alimento sólido e de exercício
contínuo, a fim de fortalecermos as musculaturas da nossa alma. Se Cristo é o
nosso substituto na justificação, ele é o nosso modelo na santificação.
Em terceiro lugar, quanto à glorificação
seremos salvos. A salvação é um fato pretérito, uma realidade presente
e uma garantia futura. Todos aqueles que foram conhecidos por Deus de antemão,
foram também predestinados, chamados, justificados e glorificados. Muito embora
a glorificação seja um fato consumado nos decretos de Deus, há de
historificar-se apenas na segunda vinda de Cristo. Nós, que já fomos salvos da
condenação do pecado e estamos sendo salvos do poder do pecado, seremos, então,
salvos da presença do pecado. Receberemos um corpo imortal, incorruptível,
poderoso, glorioso e celestial, semelhante ao corpo da glória de Cristo. Quando
Cristo voltar, em sua majestade e glória, os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro e os que estiverem vivos, serão transformados e arrebatados para
encontrarem o Senhor Jesus nos ares, e assim estaremos para sempre com o
Senhor. Essa expectativa bendita não é apenas uma vaga esperança, mas uma
certeza inabalável. Nós que fomos escolhidos na eternidade e chamados
eficazmente no tempo, seremos recebidos na glória!
Rev. Hernandes Dias Lopes
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