Romildo Gurgel
Leitura Bíblica: (Mateus
13:24-30)
Os discípulos ao ouvirem esta
parábola, ficaram intrigados pelo fato de serem dirigidas estas palavras para
eles. As incógnitas ficaram formadas no coração do grupo de discípulos.
Deixou-os extremamente pesaroso. Porque Jesus lhes dirigiu esta parábola? O que
ele quis transmitir para os seus discípulos? Na primeira oportunidade quando iam para casa, o grupo em peso encurralou
Jesus com a mesma interrogação: ‒
Senhor, explica-nos a parábola do Joio no campo (Mt 13:36). Foi quando Jesus
começou a sua explicação em (Mt.13:36-43).
Jesus respondeu:
A boa semente é o Filho do homem -
(v.37)
O campo é o mundo - (v.38)
A boa semente são os filhos do
Reino - (v.38)
O joio são os filhos do maligno –
(v.38)
O inimigo que o semeia é o diabo-
(v.39)
A colheita é o fim desta era – (v.39)
Os encarregados da colheita são
os anjos- (v.39)
O modo da colheita: “Assim como o
joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era. O
Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que
faz tropeçar e todos os que praticam o mal.
Eles o lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de
dentes” (Mt.13:40-42).
Os justos brilharão como o sol no
Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos ouça – (v.43)
Esta parábola interpretada por
Jesus deixa bem claro que o diabo é o que semeia camufladamente a semente
maligna no campo do Senhor. Esta semente são seres humanos que cumprem o
propósito do diabo frutificando através de seus intentos. Eles são os que
praticam escândalos e cometem iniquidade, são os que fazem tropeçar os
pequeninos do reino, e que fazem toda sorte de malícia, são os que dissolvem e
adulteram a palavra da verdade, são os que causam dissimulação entre os irmãos,
são os criadores de toda sorte de contendas, são mestres no roubo e na
adulteração. O apóstolo João diz que
estes podem ser identificados pela forma que vivem no seu testemunho.
(1 Jo 3:10) – “Nisto são
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão”.
Fora da Igreja, não há a necessidade
do joio ser colocado ou semeado. O texto elucida que a boa semente (são pessoas),
que foram semeadas no seu campo. Perceba que o campo é a comunidade de Jesus
Cristo, e enquanto dormiam, veio o maligno e semeou o joio (pessoas) no meio do
trigo. A semeadura do inimigo é planejada por pessoas e com práticas. Jesus
falou que o fermento dos fariseus é o da hipocrisia, fingimento e no geral
encobrem-se através de práticas que escondem sua verdadeira identidade, pois
parecem e muito com as práticas do trigo.
O joio se parece com o trigo e só
se diferencia quando o trigo amadurece e frutifica. Jesus ensinou: “ pelos seus
frutos conhecereis” (Mt.7:16). O joio é como um fermento colocado na massa, com
o tempo, a massa é alterada e se modifica. O joio se movimenta constantemente
no meio da massa, com a intenção de inchá-la. Os filhos do maligno induzem a
igreja a práticas bastardas, insinuando a ilegitimidade filial no exercício paterno
de Deus. Ele é quem estimula a politicagem, a busca do exercício do poder
manipulador do rebanho, é o sustentador de hierarquias religiosas, ele é o
organizador de agrupar o joio com a intenção de anular os verdadeiros ministérios
pautados pelo dom do Espírito Santo distribuídos pelo filho do trigo em todo o
seu campo. Os filhos do maligno são os falsos cristãos, que jamais nasceram de
novo pelo poder do Espírito Santo mediante a fé na palavra de Deus. Eles são
reconhecidos como cristãos, pelo fato de terem se associado à igreja local,
onde o trigo se reúne. Eles se destacam pela conduta moral e exterior como os
religiosos faziam questão de se destacarem em praça pública.
CAUTELA NA DEPURAÇÃO
A depuração tem sido a tentação
vigente na atualidade. A grande questão
é se o trigo pode ou não depurar? Claro que a disciplina do Senhor começa no
próprio rebanho do Senhor, mas quais os critérios que normatizam o rigor
disciplinar? Veja que a questão da disciplina não pode e não deve ser a forma
de depurar a igreja, isso só compete ao Senhor. Esse ato depurador acontecerá
no final quando os anjos ajuntarão o trigo em celeiro e o joio será amarrado em feixes e queimado (Mt.13:25 e 41-42).
A disciplina na igreja visa a recuperação
e não a condenação (cf. 1Co.11;32; 2Tm.2:25; Hb.12:9-11; Mt.18:15-17; 1Co.5:1-5),
em nenhuma dessas citações ensina o corte ou a exclusão, mas sim a recuperação.
O CRISTIANISMO VIGENTE
Jesus Cristo é o fundador da
igreja. Quem criou o cristianismo não foi Jesus foi o imperador romano chamado
de Constantino no terceiro século da era cristã, obrigando todo o império
adotar o cristianismo como religião oficial. Desde então, muito joio tem sido
colocado no campo de Deus. Trigo e joio se misturam a dois mil anos e ambos são
bem parecidos. No entanto uma só instituição é manifestada em dois seres, com a
mesma forma, mas com a essência diferente. Uma é divina e outra é diabólica. E ambas
ao mesmo tempo se mostram como igreja visível e institucional. Não é de se
admirar que verdade e confusão se apresentem tão de perto!
DESTA PARÁBOLA PODEREMOS AINDA
TIRAR O SEGUINTE ENSINO:
No meio da comunidade, “no campo
do Senhor”, pode ser apresentado tanto um
verdadeiro cristianismo como também o falso.
O Joio é parte do cristianismo
diabólico, mas este está em um local apropriado que a qualquer momento poderá
ser transformado, o joio poderá se transformar no mais puro trigo, são pessoas
alcançáveis pela evangelização.
A igreja genuína deve ser distinguida
do cristianismo. A Igreja é orgânica, fundada por Jesus Cristo “seu campo”, o
cristianismo foi planejado e organizado a partir do terceiro século pelo
imperador Constantino.
É por meio da Igreja que Jesus
Cristo muda o mundo. A Igreja é a única agencia de transformação através do
evangelho.
O diabo na promoção do falso
cristianismo (evangelho sem cruz, sem arrependimento e novo nascimento) enche o
“campo de Jesus” de não convertidos (pessoas que não nasceram de novo).
DESAFIOS DA PARÁBOLA PARA NOSSOS
DIAS
- Não compete ao trigo arrancar o
joio, isto porque muito das raízes do trigo esta emaranhada com a do joio.
- A igreja deverá rever o caso de
cortes dos seus membros. A disciplina bíblica deve ser cultivada entre a
comunidade, visando sempre a recuperação e não a exclusão.
- É um desafio enorme o trigo
influenciar o joio no aspecto de uma reevangelização acompanhativa até que haja
novo nascimento.
- O trigo deve ser identificado
como pessoas que foram transformadas pelo poder da palavra de Deus e que
passaram pelo novo nascimento, nasceu da semente da incorruptibilidade (cf.
1Pe.1:23; Tg.1:18; Jo.1:13-14; Jo.3:5). São os que foram plantados em Cristo
Jesus para produzir trigo (cf. Ef.1:10).
- Somos desafiados a identificar o joio:
- O Joio são aqueles que querem
cirandar como trigo (Lc.22:31). Não são regenerados, não nasceram de novo (João
3). Andam segundo o curso deste mundo, movidos pelo príncipe da potestade do
ar. (cf. Ef.2:2). Andam segundo a inclinação da carne (Ef.2:3; Gl.5:19-21).
Fazem a sua própria vontade, movido pela carne e pela maquinação dos
pensamentos (Ef.2:3).
- O joio causa ainda:
- Moléstias – (Jó.1:5-10; Mt.9:33;
12:22)
- Distúrbios mentais – (Mc.5:4-5;
Lc.8:35)
- Impureza moral – (Mc.5:2-13;
At.5:16; 8:29)
- Dissemina falsas doutrinas – (2Tss.2:2; 1Tm.4:1)
- É uma oposição aos filhos de Deus
no seu progresso espiritual – (Ef.6:12) rouba-lhes os nutrientes necessários
para o crescimento sadio.
- Seu líder se apossa do joio
quando ver que este quer se posicionar em uma decisão para Cristo Jesus – (Mt.4:24; Mc.5:8-14; Lc.8:2; At.8:7;
At.16:16)
- São reprodutores de toda sorte de
mentira – (Jo.8:44; 2Co.11:3)
- São promotores de seduzir a
tentação – (Mt.4:1)
- São os que estimulam ao roubo (Mt.13:19)
- São atormentadores – (2Co.12:21)
- São os que estorvam os santos (incomoda, dificulta) – (Zc.3:1;
1Tss.2:18; Ef.6:12)
- São os que foram colocados para
passarem como peneira como trigo – (Lc.22:31)
- São imitadores da verdade – (2Co.11:14-15;
Mt.13:25)
- São acusadores do trigo – (Ap.12:9-10)
- São como feras devoradoras – (Jo.8:44;
1Pe.5:8)
Romildo Gurgel
FONTE:
1 - Palestras em Teologia
Sistemática por Henry Clarence Thiessen
2 - As parábolas de Jesus – Simon J. Kistemaker
3 – Cristianismo Diabólico –
Sergisfredo Wanderley
4 – Bíblia NVI
5 – Bíblia Vida Nova – Editora Vida
6 – Chave Bíblica - SBB