domingo, 22 de abril de 2012

DISCIPLINA E RECOMPENSA



Por 
Romildo Gurgel

Duas coisas nós como crentes temos que discernir: Qual a disciplina que Deus destinou para os crentes nesta era e quais as implicações que isso trará para nossa salvação na eternidade?
No livro de Hebreus tem um registro que trata da questão da disciplina dos crentes, e precisamos ver quais os tipos de pessoas que Deus disciplina e qual a finalidade dessa disciplina.

POR QUE É QUE DEUS NOS DISCIPLINA?

Para se ter base para esta resposta, vejamos o que Hebreus 12:5-6 nos diz. Leiamos, pois o texto:

v.5 – E estais esquecidos da Palavra de encorajamento que Ele vos dirige como a filhos: Meu filho, não desprezeis a disciplina do Senhor, nem desanimeis quando por Ele és repreendido,
v.6 – pois o Senhor disciplina a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho.
v.7 – Suportai as dificuldades, aceitando-as como disciplina; Deus vos trata como filhos. Ora, qual o filho que não passa pela correção do seu pai?
v.8 – mas, se estais sem orientação, da qual todos se têm tornado participantes, então não sois filhos legítimos, mas bastardos.
v.9 – Além do mais, tínhamos nossos pais humanos que nos educavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos toda a obediência ao Pai dos espíritos, para então vivermos.
v.10 – Portanto, nossos pais nos disciplinavam por um espaço curto de tempo, da forma que melhor lhes parecia. Deus, entretanto, nos corrige para o nosso bem maior, a fim de que possamos participar plenamente da sua santidade.

Extrato do texto:

a)      Aqui diz que o motivo da disciplina é o amor de Deus – (v.6) em (Apc.3:19) também diz que Deus corrige e disciplina a quem ama.
b)      Aqui diz também que a disciplina é direcionada para aquele que é filho de Deus, ou seja, todos os genuínos crentes – (v.5)
c)      A aceitação da correção legitima a nossa filiação – (v.8)
d)     Os que estão sem disciplina é considerado como bastardo, filiação ilegítima – (v.8)
e)      Assim como estávamos debaixo da disciplina de nossos pais terrenos, muito mais agora, deveremos estar debaixo da disciplina do nosso Pai celestial – (.v.9)
f)       A intenção de Deus em disciplinar seus filhos é para torná-los participantes de sua santidade – (v.10) percebe-se que a disciplina não tem a intenção de provar se somos ou não do senhor, ao contrário, ela prova que somos do Senhor.
g)      Aqui aprendemos também que embora o cristão seja salvo, ele poderá receber do Senhor um severo castigo disciplinar.
h)      Nunca diga que após ser salvo você poderá fazer tudo o que quer. Mais cedo ou mais tarde, você descobrirá que Deus deseja que todos os cristãos participem da operosidade de sua vontade e santidade, e para que isso aconteça, a disciplina de Deus encurralará a vida do filho para que isso aconteça. A disciplina, separa, santifica a vida do crente.
i)        Aprendemos aqui que Deus não é um carrasco, que tem prazer em castigar os seus filhos, ao contrário, Ele é Pai e nos trata como seus filhos. Deus disciplina porque ama. Quem não disciplina, deixa a coisa piorar ainda mais, é o mesmo de fazer vista grossa, ver o problema e ignora-a. O amor corrige.

EXEMPLOS DE DISCIPLINA
a)      Ananias e Safira, um casal cristão que estavam com os discípulos no pentecostes,  propuseram em dar uma oferta buscando vangloriar-se. Este pecado aparentemente parece não ser tão grave em relação a outros. Eles não adulteraram, não mataram, e nem fizeram mal ao próximo, mas pelo fato de ter sido tirado rapidamente do mundo suponho que eram crentes passando por uma séria disciplina, pois estavam mentindo na vida piedosa em ser tocado pelo  Espírito Santo em fazer uma doação, porém,  retendo uma parte  (cf.At.5:1-10).

b)      Alguns crentes de Coríntios não respeitavam a reunião da mesa do Senhor. Eles não respeitavam o corpo do Senhor, tratavam a ceia do Senhor levianamente sem discernir na participação. Quais foram os resultados de suas práticas? Paulo disse em 1Co.11:29-30 – “pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem”. A mão disciplinadora de Deus torna as pessoas doentes e fracas, e até mesmo as faz morrer.
c)      Algumas pessoas têm dificuldade para entender o que o apostolo João quis dizer em (1Jo.5;16)  onde diz que não devemos rorgar por alguém que comete pecado para morte. Muitos acham que pecar para morte significa total perdição. A morte mencionada em 1 Co.11, a destruição em 1Co  5, e as mortes de Ananias e Safira são todos exemplos da morte da carne e nada tem haver com a morte do espírito. A disciplina esta relacionada com o corpo. Na Bíblia muitos dos casos que diz que os crentes podem perecer, na verdade, esta falando sobre disciplina.

NOTA: Gosto muito dos comentários que as nossas Bíblias nos oferecem, mas neste caso, comparando alguns comentários com o de R.N.Champlin, Ph.D. este esclarece mais o assunto (cf. em O novo Testamento Interpretado vs por vs, editora Habnos pg.299 de sua autoria).
No vs.32 de 1Coríntios 11 diz; “ Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

a)      Participação da sua santidade – (Hb.12:10). Defino como um processo de separação contínua.
b)      Não ser condenado como mundo – (1Co.11:32). Porque o juízo de Deus começa na sua própria casa (1Pe.4:17).

DIFERENÇA ENTRE O REINO E A VIDA ETERNA
Não são poucos que conseguem fazer distinção entre o reino de Deus e a vida eterna. Confundem que o fracasso em algumas áreas na vida  acabará em comprometer-se com a vida eterna. A condição para receber o reino não é a mesma condição para se receber a vida eterna.  Uma pessoa pode perder o reino dos céus, mas ela não perderá a vida eterna. O reino é uma recompensa que o salvo poderá alcançar  mediante os serviços que prestar para o rei Jesus Cristo, salientando que, estes serviços serão testados conforme esta escrito em (cf. ICorintios 3:10-17). O dom da salvação é recebido mediante a fé na pessoa de Jesus Cristo. Vejamos algumas variações:
VIDA ETERNA
É unicamente pela graça de Deus. Somos salvos pela fé na manifestação da graça de Deus. Não precisamos fazer absolutamente nada para herdar a salvação, é um dom gratuito de Deus. Portanto todos os que são salvos, estão aptos para viver eternamente. Fomos salvos por causa do dom gratuito de Deus. (cf. Ef.2:8; Tt.3:5; 2Tm.1:9).
REINO DE DEUS
O reino de Deus, diz respeito a recompensa pelo relacionamento que temos com o Espírito Santo após ter sido salvo. Este relacionamento com o Espírito Santo é o que vai permitir obter a recompensa que de outra forma jamais obteríamos por nós mesmos. Se alguém crê no Senhor Jesus como salvador, aceitando-O , ele é salvo mediante a graça revelada na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Deus. Após esta salvação, Deus coloca esta pessoa em uma pista, de modo que ele corra a carreira e obtenha a recompensa que está diante dela. Veja o que o apóstolo Paulo falou sobre a sua carreira após seguir ao Senhor ministerialmente:
“Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (Atos.20:24).
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm.4:7-8).

Atente para o que o apostolo diz:

a)      “... em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” – Isto testemunha que o apóstolo praticava as palavras ensinadas por Jesus Cristo  conforme (MT.16:24-27) – “...Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Portanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma? Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme as suas obras”.  
Traduzindo o ensino  do texto:
a)      Ir após Jesus significa  segui-lo como ele deixou o exemplo.
b)      Significa renunciar a vida preciosa da alma que sempre reivindica manter-se intacta.
c)      Significa colocar a alma em obediência na revelação da vontade de Deus, frente aos concorrentes que estimulam a alma a não dar tanta atenção as singularidades da vontade de Deus enquanto o tempo passa sem que a vítima perceba.
d)     Significa que quando o filho de Deus vier, retribuirá, ou seja, recompensará aquele que negou a si mesmo e tomou a sua cruz, e trabalhou estimulado pela revelação da vontade de Deus  (cf. vs.27 do cap.16 de Mateus).      
e)      A alma  é o centro do nosso eu, da vontade, entendimento e emoção.
f)       Perder a vida da alma significa que quando o Senhor vier buscar sua Igreja a teremos salva para o seu reino. Isto esta ensinando que o futuro da alma dependerá de como estamos deixando a nossa alma ser tratada agora pela vontade de Deus. Caso contrário nossas almas estarão comprometidas para a vida do reino. Pois a recompensa esta em perde-la agora.
g)      Trocar a vida da nossa vontade no presente pela vontade de Deus, consistirá em ganhar no futuro qualificação para o reino de Jesus Cristo para o milênio. 
“Que daria o homem em troca de sua alma? Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Marcos. 8:37-38).

MINHAS CONSIDERAÇÕES

Toda disciplina Bíblica é para recuperação e não para condenação. Deus não é um carrasco que não perdoa os seus filhos. Ele é Deus e o seu amor faz com que participemos do seu cuidado disciplinar, pois não há pai que não discipline os seus filhos. Nós somos filhos legítimos e esta conclusão é tirada pelo fato de sermos disciplinados pelo Senhor. Aqueles que não recebem disciplina são bastardos, não são filhos legítimos.  Salvação de Deus é um dom gratuito que se obtém pela revelação da graça salvadora de Jesus Cristo. Pela fé alcançamos esta tão grande salvação. Os galardões será a recompensa que Deus destinará para os salvos em Cristo que renunciaram a vida da alma submetendo-se ao Senhorio de Cristo e trabalharam em prol da sua obra e missão aqui na terra. Pois o ministério da igreja é o ministério da reconciliação, reconciliar todas as coisas a Deus (Cl.1:20).

Romildo Gurgel

sábado, 21 de abril de 2012

CASA COM OU SEM ALICERCES



Romildo Gurgel

Basta ler alguns dos escritos de Salomão que logo se percebe que o rei tinha uma enorme habilidade concedida por Deus de expressar-se por parábolas. Portanto, os livros de sua autoria são repletos delas. Graças as interpretações das parábolas do Novo Testamento e os ensinos de Jesus Cristo,  que algumas parábolas de Salomão deixam de ser enigmáticas. O livro de provérbios trás no seu conteúdo muitas ilustrações parabólicas. È um livro farto de ilustrações, metáforas e de figuras extraídas que podem e devem ser aplicadas em muitos aspectos da nossa vida. Vejamos algumas de suas abreviações:

1 – ABREVIAÇÕES DE ALGUNS VERSÍCULOS:
“A sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas” (Pv.9;1).
“Com a sabedoria edifica-se a casa, e com a inteligência ela se firma” (Pv.24:3).
“Cuida dos teus negócios lá fora, apronta a  lavoura no campo, e depois edifica a tua casa” (Pv.24:27).
“Os perversos serão derrubados e já não são, mas a casa dos justos permanecerá” (Pv.12:7).
“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos a derruba” (Pv.14:1).

2 – OBSERVAÇÕES:

ü  Como estes textos nos lembram as palavras ensinadas por Jesus em (cf. Mateus 7:24-29) e pelo apóstolo Paulo em  (cf.1Coríntios 3:11-15).
ü  A casa aparentemente forte de um pessoa não é tão segura quanto a tenda frágil de uma outra pessoa. Isto traduz a forma da edificando que as pessoas utilizam frente as instruções, conselhos e  sabedoria deixadas por Deus para serem aplicada em suas vidas. Aplicar a sabedoria de Deus resultará na firmeza da construção da casa, bem como do seu proprietário.
ü  A passagem sentencia sobre aqueles que recebem com desprezo o convite da edificação da sua casa na sabedoria ensinada por Deus. O apóstolo Paulo nos diz que somos casa espiritual de Deus, pois temos o penhor do Espírito (cf. 2Co.5:1-5).
ü  A permanência da casa dependerá do material utilizado na sua construção. A sabedoria de Deus funciona como coluna de sustentação e perpetuação. Mesmo assim este material será testado. O teste é inevitável, tanto para os que utilizam a sabedoria de Deus bem como os que a desprezam. Salomão diz que: “os perversos serão derrubados e não mais existirão, mas a casa  do justo permanecerá” (cf. Pv.12:7). Isto lembra também o que Jesus disse em (Mateus 7:25)  – “ e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” e o (vs.27) diz: “ e caiu a chuva, transbordaram  os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”.  Já  o apóstolo Paulo  disse em (1Co.3:12-13) – “se alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará”.
ü  O resultado do teste, estará no que sobrar. A sobra  além de denunciar qual o material que foi utilizado, levará este a receber galardão. A obra que se queimou, faz com que o tal sofra algum dano, porém o mesmo será salvo através desta prova de fogo (cf. 1Corintios 4:14-15).

Ouçamos a voz e o  apelo da sabedoria:
“Mas,  porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem atendesse; antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia”(Pv.1:24-27).

Este  será o resultado de quem recusa em ouvir a sabedoria e as instruções ensinadas por  Deus para a edificação de sua casa. A desventura e um redemoinho, em outras palavras um tornado. Todavia, é inevitável que venha a tempestade para as duas edificações, mas a garantia de que casa mantenha-se de pé, esta na sabedoria e no entendimento que Deus proporciona na revelação das sete colunas de sustentação. As instruções e os conselhos de Deus fará toda diferença no momento da tempestade, não tê-la, o prejuízo da perda será muito grande.

A sabedoria esta disponível para edifica  a sua casa e lavrar as suas sete colunas.

(Isaias 11:2) - “ Repousará, sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”

A questão de ouvir as palavras de sabedoria ensinadas por Deus reside na recepção mediante a fé, caso contrário nada nos aproveitará.

“Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou visto não ter sido acompanhada pela fé, naqueles que a ouviram” (Hebreus 4:2).

Minhas considerações finais:

As abreviações da casa com ou sem alicerces, trata-se de um apelo que Deus faz a seus filhos em dar ouvidos a sabedoria e a instrução, que será bom para a construção da vida e de sua casa. Desprezar a sabedoria de Deus resultará em um grande desmoronamento. Ouvir e praticar, será a garantia da permanência da casa (vida) do seu proprietário. Se em parte você ouviu e em parte deixar de ouvir, o teste do fogo fará que escape somente unicamente o material concedido pela sabedoria de Deus. O que sobrar, receberá galardão pelo que sobrou. No entanto o tal será salvo através do fogo. AMÉM

Romildo Gurgel

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ADULTÉRIO


O adultério é expressamente proibido no sétimo mandamento, não adulterarás” (cf. Êxodo20;14; Dt.5:18)

Com o presente artigo, não tenho o propósito de trazer condenação, mas  sinto um forte encargo que me pesa o coração quando vejo a enorme quantidade de casais se divorciando de uma forma não legitimada pela palavra de Deus, especialmente quando o casal conhece bem as Escrituras Sagradas. As nossas comunidades estão abarrotadas de casais com dois e até mesmo três casamentos nas costas. Com o presente artigo, gostaria de dar a minha parcela de contribuição, ajudando e tirando dúvidas quanto a um assunto tão atual como este e de grau singular para o reino de Deus.
 O que constitui verdadeiramente o adultério, é a infidelidade conjugal por parte de um dos cônjuges. Para Jesus Cristo, o adultério  se dá quando o marido ou a esposa, legitimamente casados se separam por qualquer motivo que não seja infidelidade conjugal (cf. Mt.5:32; Mt.19:9).   O que é infidelidade conjugal? 

Veja a resposta que a enciclopédia virtual tece:

“Infidelidade é o descumprimento de um compromisso de fidelidade. É uma violação de regras e limites mutuamente acordados em um relacionamento. Em sua acepção mais comum, a fidelidade é manter relações amorosas somente com uma pessoa que é sua parceira ou parceiro. Portanto, a infidelidade é quebrar este pacto tácito de manter relações sexuais com uma pessoa que escolhemos como parceiro ou parceira”. (Wikipédia enciclopédia livre - http://pt.wikipedia.org/wiki/Infidelidade).

Dicionário Michelis
 1 Falta de fidelidade. 2 Qualidade de infiel. 3Traição. 4 Falta de exatidão ou de verdade. 5 Falta de crença religiosa. 6 Conjunto dos descrentes ou infiéis. 7 DirTransgressão da fé matrimonial, ou do dever de fidelidade, comum aos cônjuges. Var: infieldade.

Veja o comentário de Elinaldo, pastor evangélico da Assembléia de Deus de Natal/RN.

Nunca houve tanto investimento maligno contra a constituição familiar como nos dias atuais. O diabo tem investido alto na grande missão de tornar o adultério algo comum, normal e aceitável por todos inclusive nas igrejas evangélicas (grifo meu). Esta conclusão é tirada pelo exemplo que vemos nos filmes, nos programas de televisão, onde o adultério esta sempre presente; transmitindo uma imagem de solução para os problemas conjugais; a forma que as cenas são traçadas, leva os telespectadores a aceitar e a torcer pelo casal adultero. É lamentável, mas, tem sido muito bem sucedido em suas investidas.

No meio evangélico, o adultério tem encontrado seu lugar, e não é raro os comentários de pastores acobertando os pecados de obreiros e ovelhas por causa dos seus dízimos e apadrinhamento. Isto é uma vergonha, não considero tais homens ministros do evangelho de Jesus Cristo.

A infidelidade conjugal não passa de um instrumento diabólico para a destruição e desagregação da família. A Bíblia diz que o marido deve amar a sua esposa da mesma forma que Cristo ama a Igreja (cf. Efésios 5:25). A fidelidade do Senhor é tão grande, que “se formos infiéis, Ele permanece fiel: não pode negar-se a si mesmo” (cf. 2Tm.2:1,3).
É preciso estar alerta para as ciladas do inimigo. Na maioria das vezes a causa do adultério, ou dos fatores que contribuem para a infidelidade, está sendo fomentado dentro do próprio lar. Israel que o diga:
“Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. E perguntais: por que? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança. Ninguém com um resto de bom senso o faria. Mas que fez um patriarca/? Buscava descendência prometida por Deus. Portanto cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com  a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o repúdio; e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos: portanto cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis” (cf.  Malaquias 2:13-16).
Estes versículos diz claramente que Deus rejeita aquele que é infiel à sua esposa, e diz que um dos patriarcas, presumo que tenha sido Abraão, quando buscava um descendente para si, deu um jeitinho saindo um pouquinho da fé, e que o que nasceu  como  consequência é o que vemos até hoje, a velha briga entre Judeus e palestinos (um filho com a escrava e outro com a livre que foi uma promessa de Deus).

Em que Consiste verdadeiramente o adultério?

O apóstolo Paulo responde a essa pergunta em Romanos 7:3 dizendo: “De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém se morrer o marido, estará livre da lei, e não será adultera  se contrair novas núpcias”.
Jesus tratando da questão de divórcio e novo casamento diz:
“Foi dito também: Aquele que se divorciar de sua esposa deverá dar a ela uma certidão de divórcio. Eu porém, vos digo: Qualquer que se divorcia da sua esposa, exceto por imoralidade sexual, faz com que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério” (cf. Mateus 5:31-32).
Para Jesus o adultério se caracteriza quando um casal se decide divorciar-se por qualquer motivo que não seja infidelidade conjugal.
Já  o apóstolo Paulo acrescenta julgo desigual, mas aconselha que a opção ao separar-se não seja a parte que é fiel ao Senhor. Confira:
“Ao mais digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone: e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio  da esposa e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte os vossos filhos seriam impuros; porém agora são santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se que se aparte; em tais casos não fica sujeito a servidão, nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz” (cf. 1Corintios 7:12-15).
Não precisa de explicações, o texto esta muito claro que aquele que é fiel, crente em Jesus Cristo, não deve ter a iniciativa de divorcia-se do seu cônjuge, porque esse espera em Deus para que a qualquer momento ele venha se converter. Confira:
“Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás a teu marido? Ou como sabes, ó marido, se salvarás a tua mulher?” (1Corintios 7:16).


Divorcio e novo casamento

Vamos ler um texto que elucidará esta questão do ponto de vista de Jesus Cristo.
Texto: (Mateus 19:3-11)
3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
5 e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
6 Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
7 Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8 Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
9 Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.

Comentário:
Os fariseus se aproximam de Jesus com o intuito de polo a prova. E Jesus  responde apontando para o princípio da criação (veja vs. 4 ao 6), concluindo na sua argumentação o (v.6) “... o que Deus ajuntou não separe o homem”. Os fariseus questionam a  resposta de Jesus indagando do porque Moisés deu-lhe carta de divórcio. Jesus por sua vez torna a responder que foi por causa da dureza dos corações,   focando os seus ouvintes para o princípio (v.8). Ele não aceita o divórcio por qualquer motivo, abrindo um parêntese na unicamente na questão da infidelidade conjugal (v.9).

Qual o procedimento para aqueles que estão separados enfrentando ou enfrentou o divórcio e entrou em um novo casamento?

1 – Tente voltar para o seu cônjuge. Se você é crente realmente, peça perdão primeiramente a Deus por tal atitude e peça também ao seu cônjuge por tê-l (a) abandonado. Volte ao principio, conforme respondido por Jesus no texto acima, vocês aos olhos de Deus estão unidos. Só estarão livres para um novo casamento com a morte de um dos cônjuges.
“A mulher esta ligada ao seu marido enquanto ele viver.  Porém, se o marido morrer, ela estará livre para se casar com quem desejar, contanto que ele pertença ao Senhor” (1Corintios 7:39).

2 – Se um dos cônjuges abandonou o outro, você não esta sujeito à escravidão. Se o incrédulo quiser abandonar, isto é um critério dele(a). A sua única opção é lutar pelo seu casamento, mas se mesmo assim ele(a) prefere abandonar, o divórcio ampara a parte ferida. Neste caso, o abandonado(a), tem um conselho do apóstolo Paulo:
“Estás casado? Não procures separar-te; estás livre de mulher? Não procures casamento” (1Corintios 7:27).

3 – Quando você se converteu já estava no segundo casamento, o que fazer? Permaneçam casados, ou seja. Não abandone o segundo casamento. Você não tinha Deus no seu coração quando se separou da sua primeira esposa. Como nova criatura em Cristo, você agora reconhece que esta em pleno adultério, tanto você como sua nova esposa. Dobrem os joelhos peçam perdão a Deus pelo tempo da ignorância e dureza de coração e não peque  uma segunda vez. Mantenha sua fidelidade pelo resto da vida com sua segunda esposa. Faça esse propósito com Deus. O seu passado como velha criatura foi apagada uma vez que você agora conhece a mente e a maneira de Deus tratar essa questão.
“Foi alguém chamado estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado estando incircunciso? Não se faça circuncidar” (1Corintios 7:18).

“Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado” (1Coorintios 7:24).

4 – O seu marido ou esposa a traiu, e agora? Existem duas opções para se tomar uma decisão e resolver o problema da forma Bíblica:  A primeira é que você deve perdoar seu cônjuge e permanecer com ele. Pois você não sabe se um dia ele(a) vai ser salva pelo seu testemunho.
“Pois,  como sabes, ó mulher, se salvarás a teu marido? Ou como sabes, ó marido, se salvarás a tua mulher?” (1Corintios 7:16).

A outra opção é se você não aguentar a dor da traição, quanto a questão da infidelidade conjugal colocada por Jesus:
Qualquer que se divorcia da sua esposa, exceto por imoralidade sexual, faz com que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério” (cf. Mateus 5:32).
A palavra exceto, abre uma única exceção no que diz respeito ao divórcio.  E esta exceção esta no caso único de infidelidade conjugal.

Romildo Gurgel

Bibliografia:

1-      (Wikipédia enciclopédia livre - http://pt.wikipedia.org/wiki/Infidelidade).
2-      Dicionário Michelis on-line
3-      Dicionário Escolar da língua portuguesa
4-      Pr.Elinaldo Renovato, Pr.da Assembléia de Deus.
5-      Biblia Vida Nova – Editora Vida
6-      Pequena Enciclopédia Bíblica, O.S.Boyer – Editora Vida
7-      Novo Testamento Kim James – Edição de Estudo – Abba Press
8-      Os evangelhos versão restauração. Editora Arvore da Vida
9-      Bíblia Eletrônica - João Ferreira de Almeida

quinta-feira, 12 de abril de 2012

BATISMO NAS ÁGUAS


Por
Romildo Gurgel

1 –O BATISMO É UMA ORDENANÇA DE OBRIGAÇÃO PERPÉTUA NA IGREJA
a)      Jesus pediu para ser batizado – (Mt. 3:13-15)
b)      Aprovou a prática dessa ordenança por parte dos discípulos – (Jo.4:1-2)
c)      Ensinou a seus discípulos na grande comissão a ensinar e batizar todos os futuros discípulos – (Mt.28:19-20; Mc.16:16)
d)     Os apóstolos e os primeiros discípulos ensinavam e praticavam o batismo – (At.2:38,41; 8:12-13; 36-38; 9:18; 10:47; 16:15,33; 18:8; 19:5)
e)      O batismo é ensinado pelo apóstolo Paulo que é com água que se batiza – (Rm.6:3-4; Gl.3:27; Cl.2:12; IICo.5:15-17)
f)       O apóstolo Paulo, ensinava sobre o batismo como também foi submetido a esta ordenança –  (At.9;18; 22:16; Tt.3:4-5)
g)      O apóstolo Pedro dá a entender que o batismo era uma prática regular da Igreja – (1Pe.3:20-21)

2 – A ORDENANÇA DO BATISMO É UM SIMBOLO DA IDENTIFICAÇÃO DO CRENTE COM CRISTO NO SEPULTAMENTO E RESSURREIÇÃO. (cf. Rm.6:1-14)

3 – O BATISMO ESTA INTIMAMENTE LIGADO:
a)      A remissão dos pecados – (At.22;16)
b)      Regeneração ou novo nascimento – (Tt.3:5; Jo.3:5)
c)      Com o enxerto em Cristo – (Gl.3:27)
d)     A entrar em um relacionamento com Deus em um só Espírito – (1Co.12:13)
e)      A levar o neófito a pertencer ao corpo de Cristo  que é a sua Igreja – (At.2:41)

4 – O BATISMO DEVE VIR LOGO APÓS A SALVAÇÃO
Sepulta-se apenas os mortos, e somente aqueles que estiverem sepultados podem ressurgir para a nova vida. Todos que sujeitam ao batismo já ressurgiram com Cristo. Segundo o padrão divino, os batizandos são um grupo de pessoas que estão na realidade circuncidadas com a circuncisão  que não é feita por mãos, isso é, nossa circuncisão é a inclusão do espírito do senhor  no nosso espírito humano. A primeira parte de nosso ser a receber a ressurreição do Senhor é o nosso espírito humano.

5 – O ORDEM DIVINA POSSUI UMA SEQUÊNCIA:
a)      Ouvir
b)      Crer
c)      E ser batizado  (cf. At.18:8)

6 – Como a circuncisão na velha aliança era um sinal externo da ligação de Deus com o povo de Israel depois da fé; na nova aliança depois da fé vem o batismo. (cf.Rm.4:9-12), era administrada somente para varões.

7 – O batismo é administrado tanto para homens como para mulheres – (At.8:12)

8 – As escrituras sagradas ensinam que para ocorrer o batismo nas águas deve preceder:
a)      Instrução, discipular o recém-nascido – (Mt.28:19; At.2:41)
b)      Arrependimento por parte do discípulo – (At.2:28) Arrependei-vos...
c)    E a fé do discípulo – (At.8:12; 18:8; Gl.3:26-27

domingo, 1 de abril de 2012

MINISTÉRIO DOS DIÁCONOS

Os diáconos são muito importantes. Uma igreja não funciona sem eles. Aliás, o normal de cada igreja é que seja composta de “bispos e diáconos” (Fp 1:1). Como é instrutivo ver estes irmãos servindo a todo tempo! Eles servem quando a igreja está reunida ou no dia a dia; seja em serviços matérias ou em serviços espirituais; eles servem entre os crentes e entre os descrentes. Os diáconos ajudam no serviço cotidiano de auxílio aos irmãos, e não deixam de ministrar a Palavra de Deus. Eles ajudam nas orações pelos perdidos e aproveitam oportunidades para pregar-lhes o Evangelho. Como são importantes, necessários e indispensáveis! Devemos ser gratos a Deus por Ele ter colocado os diáconos em cada igreja.
Os diáconos, porém, nem sempre servem como deveriam. Infelizmente, por falta de entendimento sobre o seu ministério alguns deixam de servir, achando que os serviços devem ser feitos somente por pessoas formalmente ordenadas para isso. Há irmãos que sentem ardente desejo de servir mais intensamente ao Senhor, mas não se julgam qualificados por nunca ter sido formalmente constituídos para este ou aquele serviço.
Neste estudo, vamos considerar juntos alguns aspectos importantes sobre os diáconos, tendo em vista incentivar o maior envolvimento de irmãos neste ministério precioso – que é servir.

a. Definição de diácono

Servir deve ser o desejo de todo cristão. Fomos salvos pela graça de Deus, sem nada pagar por isso. Mas não significa que agora, uma vez salvos, não iremos fazer nada. Cada cristão deve procurar, com insistência, entender quais os dons espirituais que Deus lhe deu e em que esfera de serviço Deus quer que ele trabalhe. Cada cristão foi salvo para ser um diácono de Deus.
Mas, o que é um diácono?

a. 1. O que é um diácono

Diácono é alguém que usa seus dons espirituais para fazer os serviços que Deus designou para que ele faça, na vida diária da igreja ou nas reuniões; no ministério da Palavra ou na pregação do Evangelho; em serviços materiais ou em serviços espirituais.
A palavra “diácono” foi transliterada da palavra grega diakonos, que ocorre 31 vezes no NT. Na maioria das ocorrências é traduzida por servo (veja Mt 22:13, 23:11; Jo 12:26, etc.) e ministro (Rm 13:4, 15:8; I Co 3:5, etc). Apenas três vezes foi traduzida diácono (veja Fp 1:1; I Tm 3:8, 12). Em I Tm 3:13 a palavra traduzida “diácono”, em algumas versões, não é a mesma palavra diakonos, e sim, diakoneo.
Diakonos é uma palavra usada no NT para diferentes grupos de pessoas relacionadas ao seu serviço. Esta palavra tem o sentido de um criado, alguém que presta serviços. Veja alguns exemplos:
a) Servo. Entre os seus irmãos, o maior é, na verdade, um diakonos (servo) dos demais (Mt 23:11). Um seguidor do Senhor é chamado de Seu diakonos (servo) que estará onde estiver o seu Mestre (Jo 12:26).
b) Ministro. O governo civil é chamado de diakonos (ministro) de Deus (Rm 13:4). Cristo é chamado de diakonos(ministro) em relação ao Seu povo (Rm 15:8; Gl 2:17).
Mas nem todas as palavras traduzidas “servo” no NT vêm da palavra diakonos, e a distinção é importante. W. E. Vine faz um comentário interessante sobre a diferença de duas das palavras traduzidas “servo” no NT: “O termo diakonos deve, falando de modo geral, ser distinguido do termo doulos, ‘servo, escravo’; o termo diakonos encara o servo em relação ao seu trabalho; o termo doulos o vê em relação ao seu mestre. Veja, por exemplo, Mt 22:2-14; aqueles que chamam os convidados e os trazem (Mt 22:3, 4, 8, 10) são os douloi; aqueles que executam a sentença do rei (Mt 22:13) são osdiakonos” (Dicionário Vine, pág. 568). Portanto, um diácono é visto no seu serviço, é aquele que está trabalhando, exercendo alguma atividade. Quem serve ou ministra é um diácono.
Diácono é, por definição, um servo, um ministro que serve.

a. 2. O que não é um diácono

Vimos o que um diácono é – um servo, um ministro, em relação ao seu serviço – agora precisamos ver o que ele não é.
a) Posição eclesiástica. A palavra “diácono” tornou-se um termo técnico para designar posição eclesiástica. Ou seja, um diácono, neste caso, é alguém que foi formalmente ordenado a uma posição para realizar alguns serviços. Sem esta ordenação ele não pode ser reconhecido. O texto de Atos capítulo 6 é um dos mais usados neste sentido. Porém, analisando este capítulo com cuidado, percebemos que não há apoio aqui para tais ordenações eclesiásticas.
Às vezes ouvimos ensinos, sobre Atos 6, de que sete irmãos foram eleitos para serem “diáconos” na igreja em Jerusalém. Entretanto, das ocorrências de diákonos no NT, não é usada nenhuma vez em Atos capítulo 6. Estes irmãos não foram chamados, aqui, de diáconos. Neste capítulo, o serviço que eles fariam (de sustento às viúvas – vs. 1-3) e o que os apóstolos continuariam fazendo (de orar e ministrar a Palavra – v. 4) é que são considerados. Aqui não é o servo que está em vista; é o seu serviço.
É conveniente lembrar que os títulos colocados em cima de capítulos nas Bíblias não foram inspirados. Às vezes estes títulos ajudam a definir o assunto que aquele capítulo está tratando, mas podem atrapalhar também. Este é o caso aqui em Atos capítulo 6. Algumas versões colocam como título deste capítulo “Instituição dos diáconos”, o que por si só confunde o leitor. Os sete irmãos separados aqui para ocuparem-se no socorro material às viúvas não foram ordenados, num sentido formal, a diáconos. Eles foram apenas separados para prestar mais um serviço à igreja.
Diaconato não é uma posição eclesiástica. Estas ordenações não têm apoio bíblico, e seu uso pelas igrejas apenas inibem aqueles que querem e devem servir. A maneira de se conhecer um diácono não é por ordenação eclesiástica. Conhece-se um diácono pelo que ele já está fazendo. Um servo não é reconhecido para fazer um serviço; um servo é reconhecido porjá estar fazendo um serviço. Não é pelo que ele irá fazer, é pelo que ele já vem fazendo.
b) Serviços materiais. Outra idéia que se têm dos diáconos é que eles servem apenas em serviços materiais, tais como administrar a parte financeira da igreja, cuidar das construções, etc. É possível que, mais uma vez, esta idéia esteja baseada numa interpretação de Atos capítulo 6. Porém, este mesmo capítulo, por si só, refuta esta idéia. Três comentaristas da série de Comentários Ritchie nos ajudam com suas explicações. Veja o que eles dizem:
James Anderson: “Não há base para pensar que o serviço do diácono seja sempre de natureza administrativa, como indicada neste capítulo. Uma pesquisa mais exata do uso da palavra no NT todo indica que ela abrange muitas formas de serviços, tanto material quanto espiritual …” (Comentário Ritchie, vol. 5, pág. 108).
Sydney Maxwell: Ele diz que a palavra diácono “é traduzida 'servo' e 'ministro', e indica, simplesmente, uma pessoa que presta serviços entre os santos, quer seja em coisas seculares, ou espirituais. O aspecto secular pode ser visto em At 6:1, 2, 3; Rm 16:1; II Co 8:4; 9:1. O serviço espiritual é indicado em At 6:4; II Co 5:18; Ef 4:12; II Tm 4:5. Não se deve pensar que o serviço do diácono, ou servo, é somente na esfera secular, e que é inferior ao serviço do bispo, como na cristandade” (Comentário Ritchie, vol. 9, págs. 239, 240).
James Allen: “Os dois aspectos do trabalho do diácono que se tornam claros no NT, com relação ao serviço da igreja, podem ser encontrados em Atos cap. 6, onde, mesmo que a palavra não seja usada, as palavras cognatas são instrutivas. Em atos 6:1, temos o substantivo: ‘suas viúvas eram desprezadas no ministério (diaconia) cotidiano’. No v. 2, temos o verbo: ‘não é razoável que deixemos a palavra de Deus e sirvamos (diakoneim) às mesas.’ Estes dois versículos ligam o diaconato com o serviço material; mas, no v. 4, temos a afirmação apostólica: ‘mas nós perseveraremos na oração e no ministério (diakonia) da palavra’. Isto indica que diaconato tem outro aspecto, um lado espiritual, ilustrado no trabalho apostólico” (Comentário Ritchie, vol. 12, págs. 96, 97).
Um diácono no NT não é alguém que foi formalmente ordenado à uma posição de destaque na igreja. Também não é alguém que está ocupado somente com serviços materiais. No NT um diácono é um servo, em relação ao seu serviço, e seu ministério abrange dois aspectos: material e espiritual. A mesma palavra é usada para designar ambas as esferas. Quando Paulo e Barnabé estiveram envolvidos num serviço material (o de levar uma oferta para os crentes da Judéia), o serviço deles é chamado de diakonia (traduzido “serviço” em At 12:25). Quando Paulo falou da carreira que havia recebido do Senhor “para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus”, ele a descreve como diakonia (traduzido “ministério” em At 20:24). Há outros exemplos semelhantes no NT, mas estes são suficientes para mostrar que um diácono é um servo e seu serviço está relacionado a coisas materiais e espirituais.

b. Sobre mulheres diaconisas

Além das situações mencionadas acima, outra que ganhou grande campo de um tempo para cá é a questão de mulheres diaconisas. Por causa da ordenação eclesiástica, muitas igrejas adotaram o sistema de ordenação de diaconisas. Em momento algum duvido da sinceridade destas igrejas e da competência das irmãs de realizar serviços para Deus. Muito pelo contrário, as igrejas precisam, e muito, das atividades das irmãs para funcionar adequadamente. Isto, porém, não significa fazer as mesmas coisas que os homens. Significa servir dentro da esfera de trabalho que Deus as colocou.
Uma análise de todas as ocorrências da palavra diakonos no NT, mostra uma verdade impressionante sobre a questão de mulheres serem ou não diaconisas. Das 31 ocorrências desta palavra, apenas uma vez é usada em relação a mulheres; na verdade, mais especificamente de uma mulher. Em Rm 16:1 Febe é chamada de “nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia”. A palavra traduzida “serve” é diakonos. Esta é a única vez que essa palavra é usada neste sentido. Baseados nisto podemos dizer que uma irmã é uma “diaconisa”; ela é uma serva de Deus.

b. 1. O que é uma diaconisa

Tendo dito isto preciso, agora, explicar a esfera de serviço das irmãs. Se Febe é a única mulher chamada assim no NT, então fica claro que devemos considerar o seu serviço, para saber o que compete a uma diaconisa.
a) Uma serva. Como vimos acima, a palavra diakonos quer dizer apenas isto, um servo, um ministro, alguém que está servindo. Rm 16:1, 2 diz apenas isto sobre Febe. Ela é uma irmã que “está servindo à igreja” (ARA). Usar este texto para afirmar que se deve ordenar formalmente uma irmã como diaconisa é ir além do que está escrito. Nem a palavradiakonos, nem o que é dito sobre Febe permitem se dizer que ela era uma “diaconisa formalmente ordenada”, como na cristandade.
b) Seu serviço. Além de Rm 16:1, 2 não há mais nenhum registro sobre Febe. O serviço que ela prestava se resume em poucas, porém honrosas palavras: “serve na igreja que está em Cencréia … tem sido protetora de muitos, inclusive de mim” (ARA).
Parece que Febe tinha alguma influência na sociedade e, aproveitando-se disso, usava os seus recursos para proteger (quem sabe hospedando) os irmãos. É possível que na vida diária da igreja esta irmã aproveitava-se do seu tempo e de seus recursos no suprimento das necessidades dos santos. Febe era alguém altruísta, cujo objetivo único girava em torno de trazer benefícios aos seus irmãos. Este é, sem dúvidas, um verdadeiro exemplo de diaconisa. Ela era uma diaconisa (serva) na prática, não em posição eclesiástica.
Este exemplo de Febe também nos mostra que a esfera de serviço das irmãs não é necessariamente nas reuniões da igreja. Uma diaconisa não é alguém que, na reunião, se levanta tomando parte no ministério da Palavra, por exemplo. Nas reuniões, as irmãs devem permanecer em silêncio e usando o véu (I Co 11:3-16; 14:34, 35; I Tm 2:11-15).
Por outro lado, nos mostra que no dia a dia da igreja uma irmã tem muito serviço em que se envolver. Talvez há algum irmão ou irmã que carece de hospedagem, e ninguém melhor para preparar o ambiente do que uma irmã ordeira (At 16:15). Talvez há um outro que carece de vestuário e não tem condições de comprar, e uma irmã pode servir nisto, até mesmo costurando algumas peças para o carente (At 9:36, 39). Talvez há na igreja alguma jovem irmã que casou-se recentemente e precisa de orientação sobre os cuidados consigo mesma, com o esposo, com os filhos e com o lar, e uma irmã experiente pode visitá-la na sua casa e dar conselhos nestas áreas (Tt 2:3-5). Há ainda outros exemplos, mas estes mostram o quanto há para ser feito pelas irmãs no dia a dia da igreja.
O que seria da igreja, no seu dia a dia, sem a ajuda tão preciosa das queridas irmã? Elas são indispensáveis! Há muita coisa que os irmãos, homens, até gostariam de fazer, mas as irmãs trabalham com mais eficiência. Quantos famintos foram saciados, nus foram vestidos, desabrigados foram acolhidos, inexperientes foram orientados por irmãs que, como Febe, estão servindo à igreja!
Que Deus nos dê mais servas assim!

b. 2. O que não é uma diaconisa

Precisamos ainda definir o que uma diaconisa não é. Já vimos que ela é simplesmente uma serva que presta serviços à igreja. Mas é importante que fique claro o que ela não é.
a) Uma posição eclesiástica. Já falamos sobre isso quando consideramos os diáconos em geral, mas é necessário dizer novamente. Uma diaconisa não é uma irmã que foi ordenada a uma posição eclesiástica. O comentário Ritchie diz o seguinte sobre Febe e seu serviço: “Esta irmã é descrita como uma serva (diakonos) da igreja. Este é o único lugar no NT onde esta palavra é usada de uma mulher. Não há nada específico na palavra para apoiar a prática, em círculos eclesiásticos, de criar o ofício de diaconisa” (Comentário Ritchie, vol. 6, pág. 427).

c. O padrão exigido dos diáconos

Uma igreja que funciona normalmente é composta de bispos e diáconos (Fp 1:1). Dos bispos (presbíteros) requer-se uma vida irrepreensível e exemplar, para que tenham autoridade no que fazem (veja I Tm 3:1-7; Tt 1:5-9). O padrão é alto, porém necessário!
Os diáconos, por sua vez, são irmãos que servem. Não são todos os homens numa igreja que são presbíteros, mas todos os membros de uma igreja devem servir como diáconos. Entretanto, o fato de os servos (diáconos) não serem presbíteros não lhes isenta de um alto padrão exigido por Deus. À semelhança dos presbíteros, é necessário que a vida dos que servem na igreja (em qualquer serviço) seja caracterizada por um padrão alto.
Em I Tm 3:8, quando começa a seção que apresenta o padrão de comportamento dos que servem na igreja (a seção vai do v. 8 ao 13), lemos o seguinte: “da mesma sorte os diáconos sejam …”. Esta expressão indica um paralelo, um mesmo padrão exigido. Assim como se espera dos presbíteros (vs. 1-7) que mostrem um alto padrão de comportamento, “da mesma sorte os diáconos”. A seguir, são apresentadas as qualificações dos que servem. Servir a igreja com seus dons espirituais é um privilégio, mas não deixa de ser uma responsabilidade. Não são somente os presbíteros que precisam ser vigilantes quanto a sua própria vida; os que servem a igreja, em qualquer serviço, têm este mesmo dever.
Nas palavras de James Anderson, “a igreja deve requerer um padrão muito alto daqueles que vão servir, mesmo para serviço que não seja de natureza espiritual … Talvez algum irmão tenha experiência de coisas bancárias, mas este fato em si não justifica a sua escolha como tesoureiro! Talvez outro irmão seja professor de escola secular, mas este fato não o constitui ensinador na igreja local! Talvez outro irmão seja competente administrador secular, porém este fato não o faz um ancião na igreja!” (Comentário Ritchie, vol. 5, pág. 108). As qualificações para ser um servo não são qualidades naturais ou profissionais. Se um irmão é bem sucedido e respeitado na sua profissão, mas vive uma vida que traz vergonha ao Evangelho, ele não deve servir. Mais uma vez afirmo que o padrão é alto, porém necessário!
Entretanto, o alto padrão exigido não deve ser motivo de desanimo. Não devemos pensar que nunca chegaremos a cumprir as exigências para servir e, portanto, não podemos ser diáconos. Muito pelo contrário, devemos lembrar que Deus sempre pede o que temos condições de fazer. Mesmo que seja difícil, árduo e custe um preço, temos condições de obedecer. Além disso, devemos lembrar que os demais estão nos observando. Principalmente os descrentes têm um interesse vivo no comportamento dos crentes. O padrão exigido por Deus para os servos é um meio de adquirir a confiança dos fiéis e serve como um argumento silencioso contra as palavras maliciosas dos infiéis (I Tm 3:13; Tt 1:9).
Este padrão dará condições ao servo para ser o exemplo dos fiéis “na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” (I Tm 4:12).

d. Conclusão

Mais uma vez afirmo que devemos dar graças a Deus pelos diáconos! O que vimos sobre eles, apesar de resumido, nos dá uma idéia da sua importância nos serviços da igreja.
Um diácono é um servo. Ele não tem uma posição eclesiástica, nem mesmo serve apenas em coisas materiais. Não, um diácono é alguém que Deus mesmo capacitou com dons espirituais para que sirva a igreja dentro da sua esfera de trabalho. Às vezes ele se ocupa no dia a dia da igreja, servindo aos irmãos, visitando-os e auxiliando-os nas suas necessidades. Às vezes ele se ocupa nas reuniões da igreja, no ministério da Palavra e na pregação do Evangelho. Como são úteis e indispensáveis!
Cada cristão deve ser um diácono. Cada diácono deve servir. Todo cristão recebeu dons espirituais e deve usá-los no serviço do Senhor. Se você foi salvo, não espere ser convidado a servir, comece agora mesmo.A igreja precisa do seu serviço para que continue crescendo e agradando ao Senhor em tudo. Há serviços que Deus quer que você faça. Você tem um serviço a prestar, “cumpre o teu ministério – diakonia (II Tm 4:5).
Que Deus nos dê mais diakonos dispostos a servir, pois cada igreja precisa deles para funcionar.
“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (At 20:24).

Adriano Anchero