Pr. Romildo Gurgel
LEITURA BÍBLICA: (Mt.13:47-50)
I – PANO DE FUNDO HISTÓRICO
A maior parte dos discípulos de Jesus era formado de pescadores por profissão; tinham deixado suas redes e seus barcos para seguir Jesus e se tornarem pescadores de homens. Quando Jesus lhes falou a parábola da rede, compreenderam cada tonalidade de suas palavras. Jesus se referiu ao modo de vida que eles levavam antes.
A margem norte do Mar da Galileia é um dos melhores lugares de pesca, em Israel. As plantas arrastadas pela correnteza do rio Jordão são depositadas na enseada, ao norte. Essas plantas atraem e alimentam cardumes vastos e variados.
Embora houvesse várias maneiras de pescar, nos dias de Jesus, um dos mais eficientes era o uso do arrastão. Esse tipo de rede tinha dois metros de largura e perto de cem metros de comprimento. Tinha cortiça na parte superior para mantê-la à tona e pesos na parte inferior, para mantê-la ao fundo. Às vezes, os pescadores fixavam uma das extremidades da rede na praia, enquanto um barco puxava a outra ponta pelo lago, fazendo fazendo uma curva e trazendo a rede de volta à praia. Outras vezes, saíam dois barcos da praia, formando um semicírculo com a rede; juntos, os homens a puxavam para apanhar os peixes e juntá-los nos barcos. O uso de arrastão exigia a força de seis homens ou mais. Enquanto uns remavam, outros lançavam ou puxavam a rede e outros ainda batiam na água para guiar os peixes para a rede.
Pescadores experimentados procuravam localizar um bom cardume antes de começar a pescar. Mas, uma vez lançada a rede, os homens puxavam todos os peixes apanhados por ela. Obviamente, os peixes estavam misturados, pois não podiam selecioná-los, enquanto pescavam.
A rede apanhava os peixes próprios e impróprios para o consumo – os bons e os maus. Peixes de todos os tipos e tamanhos se debatiam ao serem puxados para a praia. Muitas espécies eram consideradas impuras para os judeus, peixes sem barbatana e sem escamas não podiam ser consumidos (Lv.11:9-12; Dt.14:9-10), e tinham que ser lançados de volta à água. Os peixes pequenos, também, eram abandonados. Somente os peixes em condição de serem negociados eram apanhados e colocados em recipientes adequados. A classificação dos peixes, enfim, determinava o valor da pesca; até à hora da escolha, era impossível avaliar o lucro obtido.
II – EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA
a) Jesus usa a parábola da rede para descrever o dia do juízo. (Os que serão escolhidos e separados são peixes pescados)
b) Jesus explica que a competência da pesca é dos discípulos, e se pode usar diversas formas na pescaria
c) Adverte aos seus discípulos que assim como eles selecionaram peixes bons e ruins, assim será também na consumação dos século: Sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes (Mt.13:49-50)
d) As palavras utilizadas por Jesus sobre o juízo na explicação da parábola (vss. 49-50) é a mesma que foi utilizada na parábola do trigo e do joio
Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século. Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes’’ (Mt.13:40-42)
(Mt.13)
v.48 - “E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora.
v.49 - Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos.
v.50 - É lancá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.
III – SIMILARIDADE ENTRE A PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO E A DA REDE
a) Ambas mostram o bom e o mau lado a lado no princípio e separado no futuro
b) Ambas foram explicadas por Jesus nessas palavras: “assim será na consumação dos séculos...”
c) Ambas dizem respeito ao trabalho dos anjos que separam os ímpios dos justos.
d) Ambas registram a condenação do ímpio e o fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes.
IV – DIFERENÇA DA PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO COM A DA REDE
a) Na parábola do joio e do trigo, a cena aparece na terra
b) Na parábola da rede a cena é o mar, mas em ambos os casos o mundo esta envolvido.
V – EXPLICANDO PALAVRAS CHAVES DA PARÁBOLA (rede, mar, pescadores, peixes e anjos)
1 -REDE - Este termo utilizado por Jesus denota uma rede grande, larga, pesada como chumbo, feita para varrer o fundo do mar e trazer à tona peixes de todos os tipos e em grandes quantidades.
a) Rede aqui tem o símbolo de proclamação do evangelho; o evangelho funciona como uma rede – (Jo.19:6; Sl.66:11; Ec.9:12)
• Pregar o evangelho é lançar as redes em todo o mundo – (Mc.16:15-18)
• Curar os peixes e tornar eles bons faz parte do tratamento do pescador
-( Sl.107: 20) - Enviou a sua palavra, e os [sarou], e os livrou da destruição.
(Mt.10: 1) - E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes [autoridade] sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
(Lc.9: 1) - Reunindo os doze, deu-lhes poder e [autoridade] sobre todos os demônios, e para curarem doenças;
(Lc.10: 19) - Eis que vos dei [autoridade] para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.
• A bíblia nos ensina a não se preocupar no momento de haver resistência dos peixes – (Lc.12:11-12; 2Co.10:8; 13:10;)
• A rede tem o papel de ajuntar, congregar todos os peixes que foram arrastados pelo evangelho – (Is.40:11; Jo.11:51-52)
(Ap.5: 9) - E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação;
2 – O MAR - O mar nessa parábola representa toda a massa caída da humanidade.
(Is.57: 20 ) - Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo.
21 Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.
(Sl.68:22 ) – Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã; farei voltar o meu povo das profundezas do mar;
a) OS CAMINHOS DO SENHOR VAI ATÉ PELO MAR
(Sl.77:19) - 19 Pelo [mar] foi teu caminho, e tuas veredas pelas grandes águas; e as tuas pegadas não foram conhecidas.
(SL.80: 11) - Ela estendeu a sua ramagem até o [mar], e os seus rebentos até o Rio.
b) FOMOS TIRADOS DAS ÁGUAS
(Gn.1: 2) – E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas
Na face do abismo havia águas e sobre as águas o Espírito de Deus se movia. Note que o Espírito de movia sobre e não dentro. Quem entra na água é a rede (evangelho, palavra). Quando o discípulo (pescador) lança a rede (evangelho), traz com ele o peixe.
O batismo é nas águas – isso nos prova que fomos tirados dela. Note que o peixe é que é mergulhado, como símbolo de morte e ressurreição.
(Cl.1:13) – Ele nos transportou da potestade das trevas para o reino do Filho do seu amor
3 – OS PESCADORES – Os discípulos compreenderam plenamente o que Jesus estava dizendo nesta parábola. Quando Ele os encontrou disse: “Fá-lo-ei pescadores de homens...”
a) Os ganhadores de almas são os pescadores de Deus - .(Mt.4:19; Mc.1:17)
(Lc.5: 10) - bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
b) Na graça operacional de Deus, Ele não opera sozinho. Ao mesmo tempo que é verdade que Cristo por si só pode salvar as almas, contudo Ele nunca nunca o faz sozinho. –
(1Co.3: 9) - Porque nós somos [cooperadores] de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
(2Co.1: 24) - não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas somos [cooperadores] de vosso gozo; pois pela fé estais firmados.
(Fp.4: 3) - E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus [cooperadores], cujos nomes estão no livro da vida.
(3Jo.1: 8) - Portanto aos tais devemos acolher, para que sejamos [cooperadores] da verdade.
• Jesus ao alimentar os famintos não deu o pão a multidão diretamente de suas mãos – (Mt.14:13-21) – A nossa parte é darmos o que temos
c) O pescador tem a habilidade de detectar o bom peixe, porém essa separação é para o ministério da edificação e não para juízo –
• (At.13 separação pelo espírito em conexão com o homem)
• (Tt.1:5) – Tito foi designado para constituir presbíteros em cada cidade
- O cuidado que o pescador deve ter é para não escolher peixe ruim
• (1Tm.4:14) – Paulo exorta a Tomóteo despertar o dom que há nele que foi dado pela imposição de suas mãos.
4 – O PEIXE – A parábola diz que os peixes eram de todos os tipos, bons e ruins.
a) Os pescadores não poderiam avaliar o tipo do peixe contido na rede ao puxá-la –
• Aqui aprendemos que quando se pesca não se escolhe, o que vier é peixe.
• Embora alguns grupos na atualidade direcionam as suas redes para determinadas classes de peixes, estão demonstrando que fazem acepção de pessoas, que foi condenada por Jesus –
(At.10: 34) - Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz [acepção] de pessoas;
(Rm.2: 11) - pois para com Deus não há [acepção] de pessoas.
(Ef.6: 9 E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor tanto deles como vosso está no céu, e que para com ele não há [acepção] de pessoas.
(Tg.2: 1) - Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em [acepção] de pessoas.
(Tg.2: 2) - Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com [traje] esplêndido, e entrar também algum pobre com [traje] sórdido.
(Tg.2: 9) - Mas se fazeis [acepção] de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores.
b) O peixe bom esta junto com o ruim – A mistura de salvos e perdidos dentro do cristianismo professo faz com que aqueles que buscam encontrar uma Igreja visível perfeita sejam levados a um grande desapontamento.
• Dentro do discipulado de Jesus havia um peixe endemoninhado
• Esaú e Jacó ainda lutam dentro da Igreja, ou seja , O espiritual e o carnal.
• Nem todos que são de Israel são israelitas – (Rm.9:6)
• Pertencer a uma Igreja visível não quer dizer que o seu nome esteja no rol da Igreja Invisível, arrolada nos céus.
• As pessoas podem ser religiosas, contudo não regeneradas, batizadas , porém jamais foram lavadas pelo sangue de Cristo
c) Nesta pescaria só há dois tipos de peixe – O bom e o ruim, se não formos o bom peixe de Deus, seremos o ruim peixe de satanás.
• Os bons podem ser comercializados – são os que pertencem a Deus e praticam o bem
• Por ruins são os que não serviam como alimentos, sem valor.
4 – ANJOS – Através de toda essa dispensação da graça, o Espírito Santo opera ativamente na formação da verdadeira Igreja, e os que lhe pertencem, como pescadores, ocupam-se da rede do evangelho. Mas no encerramento dessa dispensação, que terá o seu término no retorno de Cristo para receber os que são seus, ele tomará para si todos os peixes bons, e deixará para trás todos os peixes ruins. E quando Cristo aparecer na terra como seu justo Senhor e Rei, um ministério angelical entrará em vigor e a ação acontecerá deforma totalmente inversa. Em vez do bom ser tomado e o mau deixado, o imundo será removido e o justo deixado, para que usufrua do prazer do reino milenar do Senhor.
a) Os anjos não cometerão enganos ao distinguir entre os bons e os maus. Eles não olharão a classe social, nem a cor, nem a aparência, se o peixe não for de Deus, não serão recolhidos para o reino de Deus.- (Mt.13:41,43; Dn.12:3)
b) Vejamos algumas parábolas que falam sobre separação:
• Na parábola do joio, a separação é entre trigo e o joio;
• Na parábola da rede, a separação é entre peixes bons e ruins;
• Na parábola das bodas, a separação é dos convidados que tinham as vestes nupciais;
• Na parábola do servo, a separação é entre servos bons e maus;
• Na parábola das dez virgens, a separação é entre virgens sábias e tolas;
• Na parábola dos talentos, a separação é entre os servos dedicados e os negligentes;
• Na parábola das ovelhas e dos bodes, a separação é entre os dois tipos de animais.
BIBLIOGRAFIA
KISTEMAKER, Simon J. As Parábolas de Jesus. Casa Editora Presbiteriana. 1a Edição – 1992. São Paulo – SP
LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida. 3a Edição 2001. São Paulo – SP.
Os Evangelhos – Versão restauração. Editora Arvore da Vida. 1a Edição 1999 . São Paulo – SP
Bíblia Vida Nova – Edições Vida Nova. 2a Edição 1997. São Paulo – SP
Bíblia de Estudo Plenitude - Sociedade Bíblica do Brasil. Edição de 1995. Barueri – SP
BibliaW Eletrônica.
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