segunda-feira, 26 de setembro de 2011

JESUS NÃO DEIXOU UMA IGREJA INSTITUCIONALIZADA, MAS ENSINOU QUE SEUS DISCÍPULOS DEVERIAM ASSUMIR E SE ORGANIZAR EM COMUNIDADES

1 - O PERCURSO DA IGREJA DE JESUS NA HISTÓRIA
A igreja cristã em todas as épocas, quer na passada, presente ou futura, é formada por todos aqueles que crêem em Jesus de Nazaré, como Filho de Deus e salvador. No ato de crer está implícita a humildade de segui-lo como salvador, obedecê-lo como o príncipe do reino de Deus sobre toda a terra. A Igreja teve seu início na historia como um movimento de caráter mundial, no dia de Pentecostes, no fim da primavera do ano 30, cinqüenta dias após a ressurreição do Senhor Jesus, e dez dias depois de sua ascensão ao céu. Durante o tempo em que Jesus exerceu seu ministério, os discípulos criam que Jesus era o almejado Messias de Israel, o Cristo. Messias é palavra hebraica e Cristo é palavra grega. Mas ambas significam “O Ungido”. Apesar de Jesus haver aceito esse título de seus seguidores mais chegados, contudo proibiu de proclamarem essa verdade entre o povo antes que ele ressuscitasse de entre os mortos. Antes, eles deveriam esperar o batismo do Espírito Santo, para então serem testemunhas em todo o mundo. Percebe-se que o efeito do dia de pentecostes nos que estavam reunidos foi tríplice: a) Iluminou a mente dos discípulos dando-lhes um novo conceito do reino de Deus. b) Compreenderam que este reino não era um império político, mas um reino espiritual, na pessoa de Jesus ressuscitado, que governava de forma invisível a todos aqueles que nasciam para Deus (novo nascimento). c) Aquela manifestação revigorou a todos, repartindo com eles o fervor do Espírito, e o poder de expressão que fazia de cada testemunho um motivo de convicção naqueles que os ouviam. Depois destes fatos acontecerem, o Espírito Santo, desde então ficou morando permanentemente na vida dos cristãos, e não em sua organização e mecanismos, mas como possessão individual e pessoal do verdadeiro cristão.
A igreja teve seu início na cidade de Jerusalém e suas atividades nos primeiros anos limitavam-se àquela cidade e aos arredores dela. Não se tem registro na história que indique as reuniões das primeiras comunidades como organização, nem o reconhecimento de tais grupos como instituição. As sedes gerais da igreja (como comunidade) eram o Cenáculo, Monte de Sião, e o Pórtico de Salomão, no Templo.
A leitura dos primeiros seis capítulos do livro dos Atos dos Apóstolos dá a entender que durante esse período o apóstolo Simão Pedro era o dirigente daquela comunidade em Jerusalém. Em todas as ocasiões era Pedro quem tomava a iniciativa de pregar, de operar milagres e de defender a igreja que então nascia. Sob a direção de Pedro, Paulo e seus sucessores imediatos, a igreja (como comunidade) foi estabelecida no espaço de tempo de duas gerações, em quase rodos os países, desde o Eufrates até ao Tigre, desde o Mar Negro até o Nilo.
Durante o período que se seguiu à Era Apostólica, e que durou duzentos anos, a igreja (como comunidade) esteve sob a espada da perseguição. Portanto, durante o segundo, terceiro e parte do quarto século, o império Romano exerceu todo o seu poder e influência para destruir aquilo que chamava de a “superstição cristã”. Durante sete gerações, um enorme exército de mártires conquistou suas coroas sob as espadas de seus inimigos, das feras nas arenas e nas ardentes fogueiras e crucificações. Contudo, em meio a tantas mortes e perseguições, os seguidores de Cristo aumentavam em número, até alcançar metade do Império Romano. Finalmente, o imperador Constantino subiu ao trono e por meio de um decreto conteve a onda de mortes. A igreja perseguida passou a ser a igreja imperial. A Cruz tomou o lugar da Águia como símbolo da bandeira da nação e o Cristianismo converteu-se em religião do Império Romano. O imperador cristão exercia autoridade suprema, cercado de uma corte formada de cristãos professos. Dessa forma passaram os cristãos, de um momento para outro, do anfiteatro romano onde tinham de enfrentar os leões, ocupar lugares de honra junto ao trono que governava o mundo. Com tal fato, o cristianismo foi beneficiado e muito com a atitude do governo do império:
a) Cessaram todas as perseguições.
b) Alguns templos nos períodos das perseguições foram recuperados e novamente abertos em toda parte.
c) Todos os templos que ainda existiam quando Constantino subiu ao poder, foram restaurados e aqueles que tinham sido destruídos, foram pagos pelas cidades em que estavam.
d) Em todo o império os templos dos deuses do paganismo eram mantidos pelo tesouro público, mas com a mudança que se operaram, esses donativos passaram a ser concedidos às igrejas e ao clero cristão. Em pequena escala a principio, mas logo depois de maneira generalizada e de forma liberal, os dinheiros públicos foram enriquecendo as igrejas, e os bispos, os ministros, todos os funcionários do culto cristão eram pagos pelo Estado. Era uma dádiva bem recebida pelo igreja, porém, de benefício duvidoso.
e) Muitos privilégios foram concedidos ao clero, onde pouco depois se transformou em lei esses benefícios.
f) O primeiro dia da semana (domingo) foi proclamado como dia de descanso e adoração, que em pouco tempo se generalizou por todo o império.
g) A crucificação foi abolida.
h) As lutas dos gladiadores foram abolidas.
Apesar dos triunfos do Cristianismo haver proporcionado boas coisas ao povo, contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato trouxe, maus resultados para a igreja. Se o término da perseguição foi uma bênção, a oficialização do Cristianismo como religião do Estado foi, não há dúvida, maldição.
Todos queriam ser membros da igreja e quase todos eram aceitos. Tanto bons como os maus, os que buscavam a Deus e os hipócritas buscando vantagens, todos se apressavam em ingressar na comunhão. Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na igreja, para, assim, obterem influência social e política. O nível moral do Cristianismo no poder era muito mais baixo do que aquele que distinguia os cristãos nos tempos de perseguição. Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, porém eram menos espirituais e menos sinceros do que no passado.
Hoje, a Igreja de Jesus Cristo esta sendo questionada e discutida praticamente em todas as denominações e até mesmo os que estão fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio apostólico de igrejas neo-pentecostais, a institucionalização, a secularização das denominações no geral, a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a variedade infindável de métodos de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isso tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada. É verdade que Jesus Cristo não deixou uma igreja institucionalizada neste mundo. Todavia ele disse algumas coisas a seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda mesmo no período apostólico e muito antes de Constantino.
(Lopes, Augusto Nicodemus, em seu artigo Os Desigrejados, Teceu alguns comentários bíblicos, que são suficientes para se constatar que a Igreja que Jesus Cristo fundou foi realmente organizada pela sua comunidade de discípulos, muito antes que a igreja fosse institucionalizada por Constantino.
FORMA PROPOSTA POR JESUS E OBEDECIDA PELOS SEUS DISCIPULOS QUANTO A ORGANIZAÇÃO DE SUAS COMUNIDADES.
1 – Jesus disse aos seus discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16:15-19). A Igreja foi fundada sobre esta pedra que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (!Pe.2:4-8) . Os que não aceitam esta verdade, não é igreja cristã. Os apóstolos estavam prontos para defender a comunidade de pensamentos gnósticos e judaizantes e libertinos desobedientes, como o seguidores de Balão e os nicolaítas (cf.2Jo10; Rm 16.17; !Co.5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3:10; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitadas.
2 - A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef. 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef. 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pe. 2.4-8). Os que estão sem igreja(comunidade), querem Cristo, mas não querem sua comunidade (igreja). Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.
3 - Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt.18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt.18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co. 5). Como pode um cristão ter o cuidado de ser punido para a recuperação estando fora de uma comunidade?
4 - Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt.28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At.6.1-6; At.14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm. 31-13; Tt. 1.5-9; Tg. 5.14).
5 - Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm. 10.9; 1Jo 4.15; At. 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livres-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm.3.1; 5.17,19; Tt.1.5; Fp.1.1; 1Tm.3.8,12; 1Tm.5.9; 1Tm.4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At.15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At.16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.
6 - Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc. 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At.2.42; 20.7; 1Co.10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co.11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que crêem a mesma coisa sobre o Senhor.
7 - É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt.18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt.18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.
8 O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm.3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb.10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At.15.41; 16.5; veja também Rm.16.4,16; 1Co. 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).
9 No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas idéias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.
Conclusão.
A Igreja como corpo de Cristo, esta espalhada nos quatro cantos da terra, porém quanto a sua forma de aparecer, traz no seu testemunho os seus traços culturais incorporadas conjuntamente com as verdades da palavra de Deus, que foram recebidas pela comunidade. Não existe comunidade perfeita, estamos no caminho e a caminho da perfeição, no entanto, estamos ainda trafegando através de uma comunidade fraterna onde despejamos os nossos dons e funções em prol do corpo de Cristo (sua Igreja). Todo cristão que se diz ser cristão, deve se reunir com outros que tenha a mesma regra de fé e confissão. Todos nós como discípulos de Jesus precisamos que outros irmãos lavem também os nossos pés. Estou vendo que a toalha e a bacia do Senhor Jesus esta sendo desprezada atualmente por muitos cristão que não se reúnem mais, mas o que autentica a nossa união com Cristo é a comunhão com o seu corpo seja qual for a forma que a comunidade esteja organizada. Todos nós que estamos na esperança da segunda vinda de Jesus, aguardamos em humildade o seu retorno como discípulos obedientes as suas instruções. Precisamos enquanto estamos a caminho e no caminho, ser corrigidos, instruídos, moldados, conduzidos, exortados, edificados, consolados, desvendados por muitos outros que estão lado a lado com a mesma carreira que nos foi proposta. Que Deus nos ajude a entender onde estamos ao cumprir os propósitos de Deus como sua Igreja.
No amor de Cristo,
Romildo Gurgel
Bibliografia:
1 - Hurlbut, Jesse Lu[yman - História da Igreja Cristã. Editora Vida, 13ª edição, 2001. 2 - Augusto Nicodemus Lopes – artigo Os Desigrejados

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AS INTERFACES DA IGREJA COMO DENOMINAÇÃO E A IGREJA DE JESUS CRISTO


Por Romildo Gurgel

O rosto das denominações aparecem através dos seus costumes, crenças, doutrinas, tradições que foram escritas, estudadas, debatidas e aprovadas por intermédio de reuniões a luz da interpretação que seus líderes tiraram da Bíblia sagrada. Todo material juntado nestas reuniões se transforma em estatuto (instrumento normativo que dita a regra do seu funcionamento e o porque da sua existência). Os estatutos na sua grande maioria difere uma das outras, porque nelas estão explicitadas as normas de convivência e de interagir com os seus membros. Geralmente as denominações possuem sede própria ou não. Os segmento denominacionais, cresceram de tal forma que se tornaram quase impossível de se enumerar a enorme quantidade que existem ao redor do mundo inteiro. Elas vão desde as mais antigas, tradicionais, como a Igreja católica, protestante (dissidente da católica), evangélicas (diversas e na sua grande maioria dissidente uma das outras evangélicas, até as mais modernas. È impossível citá-las pois são muitas espalhadas por todos os lugares. Cultuar a Deus nelas, apesar de ser bom, se nota uma verdadeira concorrência, elas pregam a Cristo, mas se defendem uma das outras. Umas são extremamente fechadas, guardadora das suas tradições, outras são dogmáticas, rígidas quanto a sua doutrina e forma de se fazer culto, já outras são abertas, outras são mais liberais, outras são modernas, outras pós-moderna, algumas a ênfase esta no louvor, outras na pregação expositiva, outras no estudo da palavra, outras em ação social, outras no evangelismo, outras na captação de recursos, outras funcionam como máquina de comercialização da fé, outras vendem os seus produtos. Sendo que várias outras são verdadeiros impérios, não precisa nem citar o nome delas, outras são tão pobres, que olham para as mais forte copiando seus modelos de sucesso, se não optarem em criar outra denominação. Diante de tantas faces denominacionais, doutrinas, concorrências, divisões, surge a grande indagação: Onde esta a Igreja que Jesus Cristo fundou? Porque Existe tantas doutrinas acerca da verdade em Jesus Cristo? O que os homens convertidos estão fazendo com a verdade? Para se ter estas respostas, é preciso sair da zona de conforto teológico denominacional interpretativa e olhar para a Bíblia sem a roupagem hermenêutica denominacional e extrair exclusivamente das escrituras essas respostas e comparar para saber se o que estão confessando e pregando, é o evangelho de Jesus Cristo! Não pretendo nesta pequena reflexão, criticar as denominações em si, mas fazer uma amostragem sobre as faces das igrejas, principalmente as históricas, e conviver entre elas com amor, diálogo e abertura mantendo assim a comunhão entre o povo de Deus que transita por elas.
O evangelho de Jesus é o d’Ele, as denominações perdem muito da verdade quando ela prega ela mesma e diz que a solução é entrar para ela. Não tem nada demais se filiar a uma denominação, desde que haja a liberdade do diálogo, sem que a verdade ensinada por Jesus concorra com os estatutos impostos por homens. O Caminho a verdade e a vida esta em Jesus Cristo. O que vemos por aí é Jesus sendo pregado como salvador só para colocarem o maior número possível de pessoas para dentro das igrejas. Não vejo também nada demais nisso, mas não deveríamos colocá-las primeiramente dentro da pessoa de Cristo, que é bem mais fácil? Dois fatos acontecem na conversão, um nos céus e o outro na terra. Muitas pessoas estão com os seus nomes arrolados nos céus e muitas estão arroladas como rol de membro. Qual será o mais importante para o cristão? Com isso não estou afirmando que o cristão arrolado no livro da vida do cordeiro não precisa se membrar a uma igreja. Pode até pertencer não somente a uma, mas a muitas. O que vale é ter comunhão com todas as outras denominações, seja qual for, visto que elas são ambientes onde o povo de Deus trafega. Ela serve somente para transitar o povo para comunhão. Os dois ofícios ensinados por Jesus para o seu povo é o batismo nas águas (testemunho exterior do que aconteceu no interior do cristão, novo nascimento, nova vida, participação de um novo reino, tendo Jesus como cabeça e fundador). Enquanto a igreja como denominação não é um fim em si mesma, a igreja como habitação de Deus no Espírito humano é o resultado da salvação de Jesus para a humanidade, (como fim e consumação salvívica). Deixar de trafegar por uma ou outra, não significa de que esta pessoa esteja desviada de Jesus Cristo.Porque o caminho é Cristo e o andar do cristão é em Cristo. Trafegar nas igrejas ou fora dela, deve ser bênção e oportunidade para o cristão revelar a quem pertence. Os homens podem até tirar o nome de algum cristão do rol de membros, mas será que o nome deles são apagados também no livro do cordeiro de Deus? Essa discussão deixa transparecer que não existe cristão sem denominação. Ou será que as denominações tornam as pessoas genuinamente cristãs? O que torna uma pessoa cristã é CRISTO, e por sua vez o homem em resposta obediente deve segui-lo como discípulo. As igrejas não existiriam se não existisse o membro confessional nelas. Então com que direito as igrejas que julgam que o cristão que não esta nela esta desviada? O que se espera de uma pessoa membro de uma igreja é o fato dessa pessoa ter um envolvimento genuíno com Jesus Cristo, ou seja, ter nascido de novo (o novo nascimento é promovido por Deus) e se tornar um seguidor de Jesus através de seus ensinos (lado de Deus), ter comunhão com os irmãos dentro e fora dela (mesa do Senhor, ceia, resposta de nossa obediência a Cristo). Mas será que isso sempre acontece? É fácil deixar a obediência principal (Missão de Jesus) e se apegar a obediência secundária (missão das igrejas). Jesus é o salvador de todos os cristão mas quem ganha crédito maior é as igrejas, que divide o povo na sua fidelidade missional com a do Senhor. A Igreja não deveria represar o povo no intuito de focar toda mão de obra evangelística em prol dela mesma. Ou você já viu se ganhar almas para Jesus e colocá-las em uma outra que não seja a sua denominação? Os seus líderes iriam se chocar com tal cristão e ainda mesmo censurá-lo.
AS DENOMINAÇÕES É UMA QUESTÃO DE INTERFACES
Acredito que as igrejas (denominacionais) não precisariam ter sua missão. Isto porque a igreja não precisa fazer uma elaboração da sua missão própria, para concorrer com a proposta por Cristo.Muitas das nossas atividades de manter os crentes freqüentando iria desaparecer, você não acha? A verdade sobre esse assunto é que a igreja no seu ato de obediência deve abraçar a missão que vem de Deus (Missio Dei) e não a focada por ela. O que ocorre neste assunto é que ela se esquece que o que leva a igreja a cumprir a missão de Deus é o movimento livre de seus membros no cumprimento de seus dons. Mas, existe até problemas no que diz respeito a esse tema, visto que as interpretações ministeriais são muito divergentes quanto aos minstérios que Jesus distribui a seu povo. Como resolver esses problemas?
A missão da Igreja, é uma questão de interface, é só olhar para o aspecto funcional das sete igrejas da Asia em apocalipse e a Igreja de Jerusalém e de Antioquia, bem como as outras implantadas pelo apóstolo Paulo em suas viagens, que cada uma delas possuíam problemas que eram bem comuns e outros problemas mais específicos, entretanto possuíam suas peculiaridades no testemunho, isto dá para se observar com uma simples leitura. A Igreja esta o tempo todo lançando para fora a sua vida, o Ide de Jesus é para fora sem se conformar com esse mundo. A forma que a igreja mostra a sua cara é a revelação da sua interface. Abaixo estão enumeradas algumas mais comuns entre as igrejas.

ESTRUTURAS DAS INTERFACES DAS IGREJAS FRENTE
AO CUMPRIMENTO DA MISSÃO

1 – UMAS ENTENDEM MISSÃO COMO EVANGELISMO.
Esta é a igreja que evangeliza e leva a salvação de Jesus na sua proclamação. Todo o mover dessa igreja gira em torno do tema da salvação. A ênfase é no que traz resultados, no discurso da transformação dos indivíduos. Os que entram nessa igreja são os salvos com forte tendência para o isolacionismo. A ênfase local é tão forte que o membro pensa que se sair dessa igreja voltou para o mundo. Sair da comunidade resulta em apostasia. Permanecer nela, é perseverar na fé.
2 – OUTRAS ENTENDEM MISSÃO COMO AÇÃO SOCIAL
Esta igreja entende como missão fazer transformações sociais. Para isso fazem uma lista enorme de ações sociais. A maioria dos membros dessa igreja, são os pobre alcançados por intermédio desses programas sociais. Geralmente são poucos os salvos genuinamente, pois a convivência e os programas é que fazem com que o grupo se mantenha unido, ou vivo. Ocupar o povo e fazer parte dela é o seu lema principal.
3 – ALGUMAS ENTENDEM MISSÃO COMO EVANGELISMO E AÇÃO SOCIAL
Esta forma de missão se resume na gestão de unir evangelismo e ação social. Não se pode separar a proclamação da demonstração, ou o evangelismo da ação social. Pode parecer que isso seja possível, mas não é. Os dois são inseparáveis. Os dois é o que dá sentido a teologia da missão integral. Uma panificadora em um artigo comercial dizia que o pão integral é o pão de onde nada foi retirado. A proclamação e o envolvimento social são elementos essenciais da missão ou tarefa da igreja. Se deixarmos um desses elementos de fora, a atividade deixa de ser uma verdadeira“missão”. Tulo Raistrick, comentou que a face de uma igreja possuidora da missão integral são enumerados por oito atitudes.
1. Necessidades básicas supridas – atendendo as principais necessidades básicas das pessoas, assim como por alimentos, água, saneamento, saúde, moradia, educação e informação.
2. Participação e empoderamento – criando condições para que as pessoas pobres façam escolhas, participem em ações e decisões que afetam as suas vidas e se tornem agentes de transformação.
3. Bom gerenciamento de recursos – usando e distribuindo recursos ambientais de forma sustentável e compassiva, garantindo que as necessidades materiais de todos sejam supridas hoje e no futuro.
4. Defesa e promoção de direitos – engajando pessoas no trabalho de defesa e promoção de direitos para combater as injustiças estruturais e proteger as pessoas vulneráveis.
5. Mudança de valores – ajudando as pessoas a reconhecerem o seu verdadeiro valor por terem sido formadas à imagem e semelhança de Deus, desafiando e transformando os valores e a visão de mundo das mesmas.
6. Envolvimento da igreja local – incentivando comunidades cristãs sustentáveis em seu compromisso com Jesus Cristo através da adoração, da oração e do ato de servir as pessoas pobres.
7. Oportunidades para conhecer a fé cristã – criando oportunidades para que as pessoas encontrem, reconheçam e sigam o senhorio de Jesus Cristo.
8. Cristãos em funções de liderança – cristãos servindo as suas comunidades e ocupando funções de liderança e responsabilidade fora do contexto da igreja.

4 – MUITOS ENTENDEM MISSÃO COMO EVANGELIZ-AÇÃO-SOCIAL

Só entram os que se doam para o mundo e os que precisam. Os ministérios são voltados para a transformação do individuo (TI) e a transformação da sociedade (TS). Esta Igreja acredita que os indivíduos sendo transformados, a sociedade também se transformará.

A pregação do evangelho é uma tarefa de todos os salvos em Jesus Cristo e não somente dos oficiais da igreja. Jesus Cristo preparou doze homens e estes transformaram o mundo da sua época. A interface deles eram em ter comunhão, uns com os outros. Naquela época os cristão viviam a dinâmica da comunhão de uma forma bem mais ampla e aberta do que o que estamos experimentando na atualidade. O que diferenciava de um cristão do não cristão era a forma de se amarem e da transformação que Jesus fazia na vida de cada deles. Os cristãos daquela época não negociavam com a palavra de Deus, funcionavam como luz, resplandecendo a glória de Jesus nos seus gestos e atitudes. Eram preocupados com as necessidades dos santos e de ser instrumento de cumprir a missão de Deus. Ajudavam comunidades mais carentes, abrindo mãos dos seus bens, gostavam de orar,  gostavam de jejuar, de alcançar outras regiões onde Jesus não era conhecido, o uso dos dons do Espírito era a dinâmica da vida da igreja. Quando sofriam pela perseguição, não se intimidavam quando eram afrontados, colocavam suas vidas ainda mais em prol do evangelho e da obediência a Jesus Cristo.
Que Deus nos ajude a entender as faces da igreja na atualidade e a igreja e seus líderes estimulem os seus membros a amarem a Jesus e a obedecê-lo sem reservas.

Deus abençoe.

Romildo Gurgel