Por
Romildo Gurgel
Leitura Bíblica:
João 15: 1 – “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
viticultor”.
João 15:5 – “Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem
permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazer”.
De antemão é
preciso identificar quem somos e qual a relação que temos com a Videira. Na
metáfora deste texto, Jesus diz quem ele
é, e se identifica como a Videira verdadeira.
Deus, o pai, não é identificado como o proprietário da videira, embora o
texto subentenda isto, mas na verdade o Pai é o que verifica se a videira esta
sendo adequadamente tratada para poder produzir frutos. Deus Pai pode ser também comparado aqui a um
proprietário da vinha, que pessoalmente pode ocupar-se em podar a videira, sem
ser forçado a sempre entregar essa tarefa às mãos de algum subordinado. Ele ara
os nossos corações com os arados de sua Palavra, espalha as sementes de seus
preceitos ali e envia a nós a umidade e a chuva do Espírito Santo, a fim de que
possa colher os frutos da santidade.
Como é simples
ser uma vara de uma videira. A vara brota da videira e ali vive e cresce, e no
devido tempo, dá fruto. Ela não tem responsabilidade exceto a de unicamente
receber da raiz e tronco a seiva e nutrição. É verdade que nossa obra fica
entre nós e Jesus! Vejo muita gente se queixando de ter muito trabalho e não
tem tempo para a comunhão com Jesus, e que seu trabalho habitual enfraquece sua
disposição para orar. É triste a ideia
de produzir frutos separando a vara da videira. A vara não tem vida em si
mesma. O que é a vida da vara? É a vida da absoluta dependência. A vara não tem nada, ela depende unicamente
da videira para todas as coisas. Se você se deslumbra pelos cachos que nascem
na vara, fique sabendo que o fruto não é seu, a videira foi quem fez a obra, e
a vara desfruta do seu fruto. Lembre-se que o fruto do Espírito Santo é o amor
que se manifesta com muitas características como paz, longanimidade,
benignidade... (cf. Gálatas 5:22). E observe que o fruto é do Espírito Santo. O
seu lugar é simplesmente ser vara.
O que é que a
videira tem que fazer? Ela tem que executar um grande trabalho. Ela precisa
lançar suas raízes no solo e percorrer um longo caminho por nutrição, embebê-la
na umidade. Coloque um adubo a certa distância e a videira estende suas raízes
para lá, e então em suas raízes ou tronco ela transforma a umidade e o adubo
numa seiva especial que produz o fruto. A videira executa o trabalho; a vara
tem apenas que receber da videira a seiva. A questão da nossa vida e do nosso
trabalho esta na seiva. Ter a seiva significa em frutificação. A seiva não é
para ela mesma, mas para as varas. Ter ou não a seiva, implica em vida ou morte
da vara. Vara que não se alimenta da seiva, não frutificará, murchará e poderá
ser cortada.
A
videira tem o trabalho para executar e as varas possui apenas a dependência da
videira. Jesus Disse: “...sem mim, nada
podeis fazer...” (vd. João 15:5). Você deve entender que qualquer atividade
que venha realizar sua função e
consciência é de que Cristo deve cuidar de tudo. O menor esforço fora d’Ele,
comprometerá a frutificação na sua vida. Você precisa saber ainda que a seiva
não flui para a vara por um tempo e pára. Diáriamente, constantemente,
incessantemente existe uma viva conexão mantida. A seiva não flui por um tempo
apenas, então pára, e então flui outra vez, mas de momento em momento a seiva
flui da videira paras as varas. A
vitalidade do senhor para as varas é uma constante. Repetindo, a vida da vara é de completa
comunhão. O que a vara tem que fazer é permanecer todos os minutos do dia em
comunhão com a videira. A ocupação do permanecer é a ocupação do coração e não
da mente. A ocupação do coração apega-se e descansa em Jesus. Se você aprender
por um momento a colocar de lado, as outras ocupações e entrar neste permanente
contato com a Videira, verá que o fruto virá. Gaste tempo para aplicar o seu
coração a sós com Jesus. Você não pode ser uma vara saudável, vara na qual a
seiva flua, a menos que gaste bastante tempo na comunhão com Deus. Finalmente o
que Jesus quer nos ensinar neste texto é a verdade de que não podemos ser
saudáveis sem uma completa rendição. Se você não sabe o que fazer de sua vida,
fique sabendo agora pequena vara, é produzir frutos. As varas não foram
preparadas na videira para não fazer nada, ela tem que permitir que a seiva
flua para dentro de si para que nasçam os frutos desejados por Deus.
O profeta
Jeremias descreve Israel como uma videira de vida (Jer. 2:21), mas ao rejeitar
ao Messias, perdera esse privilégio. A polêmica na interpretação é que existe
também a videira falsa, como se dava com os apostatas provenientes do judaísmo
dos dias de Cristo. O uso da simbologia e da metáfora da videira era muito
comum nos dias de Jesus. O historiador Josefo diz que no templo havia uma
gigantesca videira de ouro, que ficava próxima ao portão principal, da qual
pendiam cachos de uvas, como ornamentação. Essa videira era tão grande como uma
estátua de um homem. (Ver Josefo,
Antiguidades 1:15, cap. 11 e secção 3). Ora isso serve de símbolo da
frutificação espiritual, da vida e da prosperidade do crente, reconhecendo que
o Senhor é a concretização desse princípio, e não um mero símbolo. Nas moedas
dos tempos de Macabeus, a nação de Israel era representada como a imagem de uma
videira, cunhada nas mesmas. Diante de tantos usos deste símbolo, Jesus também
emprega a metáfora, mas com o diferencial de que Ele é a videira verdadeira, e não os símbolos até ali utilizados, e
isto pelos seguintes motivos:
a) Porque
a videira é um organismo vivo, que supre vida a outros organismos vivos. Assim
também sucede a Cristo, também vive e concede vida a outros, segundo vemos
explicitados em passagens como (João
3:16; 5:26 e 6:57).
b) O
suco do fruto da videira, que é o vinho, serve de símbolo ilustrativo da
alegria de salvação pelo seu precioso sangue. E a ceia, tendo o vinho como
fruto da vide é a nossa bebida em memória do seu sacrifício de salvação.
c) A
arvore da Vida no livro de gênesis diz respeito a Jesus Cristo. E esta mesma
arvore servira de alimentação para as nações no livro de apocalipse. (cf.
Gn.4:22; Apc.22:2). O que as varas precisam
fazer é se alimentar dos nutrientes da videira verdadeira, para que o
fruto venha nascer.
João 15:5 – “...quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer...”
Precisamos
dar atenção à intensidade de expressão cada vez maior, que descreve o processo
da produção de frutos espirituais. Vejamos:
No vs.2 de João 15 no inicio
temos a palavra “...fruto...”, no final temos “...mais fruto ainda...” e no vs
5 e o 8 temos “...muito fruto...”. Isto nos faz lembrar as distinções diversas
de frutificação, que segundo a parábola da semente e do semeador no 13º
capítulo de Mateus nos mostra os resultados da recepção das sementes.
Diversas são as condições
necessárias para a produção de fruto espiritual, como segue:
a)
Limpeza – segundo se verifica nos vs. 2 e 3 do
capítulo 15. Fica subentendido que os que assim estão limpos, já passaram pelos
estágios iniciais da regeneração, o que produz essa limpeza é a palavra
conforme diz o vs.3.
b)
Permanência -
Quem em termos práticos é o desvencilhamento de toda forma de pecado
conhecido, e a adaptação à conformidade com Cristo, em todos os propósitos,
desígnios, alvos e ações diárias, é Jesus, a videira verdadeira. Muito interessante notar que dos versículos
quarto ao sexto do capítulo 15 de João
aparece o verbo permanecer por pelo menor oito vezes, confira comigo:
v.4 – permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira; assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
V.5 – Eu sou a
videira, vós os ramos. Quem permanece em
mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
v.6 – Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora à semelhança do ramo, e secará; e
o apanham, lançam no fogo e o queimam.
v.7 – Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
Com tais
observações poderemos concluir que nossas atividades, qualquer que seja, só
será vital dependendo da nossa comunhão vital com Jesus Cristo. Até mesmo
estando n’Ele, não poderemos fazer coisíssima alguma sem extrair d’Ele a vida e
a força que Ele proporciona para as varas. O Senhor deseja do princípio ao fim
operar em nós e através de nós. Aqui encontramos a advertência que jamais
devemos procurar fazer qualquer coisa por nós mesmos. Jesus declarou: “...sem
mim nada podeis fazer...” (v.5). Jesus só pede aos seus servos aquilo que ele
sempre praticou conforme esta escrito:
João 5:19– “...Em verdade, em verdade vos digo que o Filho
nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque
tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.
v.20 – Porque o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz
..”.
Jesus
era movido por tudo o que via e recebia do Pai. A seiva de Jesus era o Pai, a
nossa seiva é Jesus, a Videira verdadeira. Aqui fica o ensino e o exemplo de
Jesus nosso Senhor, cada dia é uma oportunidade de uma profissão de fé, de um
exercício até mesmo de uma propaganda silenciosa, que prega boa conduta
testemunhar enquanto somos observados, desde que sejamos movidos pelos
nutrientes da videira verdadeira.
Bibliografia:
1 -Compilado do livro Absolute Surrender (Rendição Absoluta)
2 - O Novo Testamento Interpretado - R.N.Champlin, Ph.D.
3 - Os Evangelho - Versão Restauração - Editora Arvore da Vida
4 - Novo Testamento King James - Edição de Estudo
5 - Biblia Vida Nova - Russell P. Shedd - Edições Vida NovA
Romildo Gurgel